sexta-feira, 13 de julho de 2012

Cansado, um tanto perdido...mas eu resolvo.


Abro os olhos pela manhã, me levanto, escovo os dentes, passo pelo espelho sem fazer menção alguma de olhar meu reflexo. Volto para cama e deita-me olhando para o teto. Paro um instante para refletir sobre o que tem acontecido em minha vida. Coisas boas, coisas ruins...
Não tenho certeza se no final o saldo é negativo ou positivo.
O que mais me incomoda é a atitude das pessoas que deveriam estar ao meu lado, mas não consigo lembrar da última vez em que ouvi algo de bom ou uma palavra de apoio dessas pessoas. 
"Preciso sair daqui" é a frase que mais aparece em meus pensamentos.
Estou cansado de tudo... cansado dessa casa e sempre ser ignorado ou esculachado por essa família...cansado de pessoas que dizem que gostam de mim apenas por dizer...cansado de frequentar hospitais...cansado das seqüelas que as cirurgias me deixaram. Cansado de chorar, cansado de me sentir doente, cansado de estar cansado, cansado de me sentir sozinho em tudo, cansado desse mundo, cansado dessa vida
E eu não posso deixar transparecer essas coisas. Todo mundo recrimina, todo mundo se afasta ainda mais, como se a culpa fosse minha. A cada dia estou constatando isso mais e mais, estou com isso aqui dentro há tanto tempo.
Estou cansado de tentar conversar com alguém e simplesmente me disserem que eu tenho que deixar isso pra lá, que sou forte, especial, isso e aquilo, que é tudo papo furado de quem não quer te ouvir na realidade
Como as pessoas podem agir assim? Eu me sinto um ET, pois jamais conseguiria ser assim. As pessoas mentem tanto, simulam tanto, disfarçam tanto, roubam, falseiam, apunhalam, te procuram quando precisam e depois te ignoram. Meu irmão mais velho se acidentou de moto, não falava comigo havia meses, ligou primeiro pra mim, queria que eu fosse buscar a moto dele na policia rodoviária. Há dois dias ele veio buscar a moto e nem olhou na minha cara. Meu pai me ignora desde que meus irmãos mais novos vieram morar aqui e já ouvi da boca dele que se arrepende de ter tido os filhos do primeiro casamento. Ele só me dá atenção quando estou numa cama de hospital, e mesmo assim fica dizendo que estou dando trabalho. Não consigo ficar perto disso muito tempo, então me afasto. Procuro alguém que ainda possa ter esperança de que não seja assim e me aproximo até que esse alguém comece a agir dessa forma... então me afasto de novo e recomeço. Sinto-me órfão, totalmente sem família.
Definitivamente a vida é algo cruel.
E não estou falando sobre a violência no mundo, sobre guerras ou injustiças sociais.
Estou falando daquilo que é possível fazer com algo bom.
Como é possível?
É difícil acreditar, mas acontece.
Machucar alguém com amor.
Há tanta coisa que não entendo. 
Por que ainda me quer por perto?
Por que não rejeita minhas investidas?
Por que aceita meus sentimentos?
O que irá fazer se acaso as coisas que pensa e escreve tornarem-se reais?
E quanto a mim? O que irá fazer comigo?
O que irá fazer com o que sente em relação a mim?
O que irá fazer com o que sinto?
Sinto-me tão mal. Tão inútil, substituível...
Há jogos que não sei jogar...talvez a vida seja um deles.
Não é em qualquer jogo que ser titular é bom. Há jogos em que é legal estar na reserva. Mas o ideal em certos jogos é ser ÚNICO. Ou é você ou o jogo acabou. Você sente que o jogo é realmente seu.
Sentir a responsabilidade de acertar cada lance, e arcar com as consequências a cada erro.
Perdas, ganhos, mérito, culpa.
Tudo com um pouco de você.
Sabendo que essa poderá ser sua única chance, você dá seu melhor, pois não há ninguém na reserva. Ninguém vai te substituir.
Dando o seu melhor dentro do seu jogo ideal.
Mas ... sinceramente ... eu só queria poder não jogar.
Uma frase ecoa na minha cabeça. Uma frase curta e simples. Dita em um momento de tensão, mas dita com firmeza. Talvez dita sem pensar, mas isso só me leva a crer que essa idéia já existia e, nesse momento, apenas foi verbalizada.
Foi como o disparo de um relógio. Começou a contagem regressiva. Agora é só questão de tempo até acontecer.
Agora não sei o que fazer. Na minha mente a opções apresentam-se claramente. Cada rumo a tomar. Mas eu não lido muito bem com opções.
Estou confuso por ver algo que me entristece assim tão próximo e minha ignorância sobre o que está acontecendo. Sei exatamente o que fazer para saber, mas estou receoso. As vezes tento me convencer de que não é nada do que estou pensando e que tudo vai se encaixar alguma hora.
Talvez eu devesse acabar com tudo isso de uma vez. Mas não posso.
Minhas cabeça tá zunindo. 
A tomada de decisões sempre me faz bambear um pouco. E nesses dias não tem sido diferente. Afinal, é meu futuro que está sendo decidido. Um turbilhão de pensamentos invade minha mente. Penso em recuar, voltar atrás. Refaço o caminho. Tento imaginar todas as possibilidades. E penso se não foi um erro, se não me precipitei. 
Tenho lido bastante, ouvido muita música, voltei a tocar violão e estou me programando para viajar de novo.
Com certeza a estrada me fará bem.
Aos poucos vou colocando as coisas no lugar, (ao menos o que posso colocar).
Não sei o que vai acontecer comigo. Se terei que retroceder e voltar a fazer o que não quero.
Já tenho algumas boas notícias e torço para que permaneçam boas.
Tenho visto coisas que pensei que não iriam acontecer também. É sempre uma surpresa constatar que não se sabe quase nada sobre algumas pessoas. Mas ainda prefiro pensar que só tenho visto por que querem que eu veja, ou seja, proposital. O que posso fazer?
Não sei o que se passa na cabeça das pessoas ao meu redor. Sabe aquele sentimento de criança que te fazia pensar que todos ao seu redor escondiam um segredo de você, te observavam escondido, mas quando você olhava todos já tinham voltado a fingir que estavam fazendo outras coisas, todos sabiam "a verdade" menos você e esperavam você descobrir tudo sozinho. Nada é o que parece. As vezes ainda me pego pensando nisso. E começo a rir de mim mesmo.