terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Diógenes de Sínope - O Cão Celeste

Você precisa ser sem-vergonha, não ter escrúpulos e jogar a verdade na cara de todos, sem exceção, do simples cidadão ao rei. Assim eles lhe darão atenção e o considerarão audacioso. Seu linguajar deve ser estranho, sua maneira de falar chilreante - como um cachorro. Sua fisionomia deve ter uma expressão tensa, sua maneira de andar de ser condizente com a expressão do rosto, e a impressão geral tem que ser animalesca, selvagem. Sem vestígios de respeito, decência, comedimento [...]. Faça impulsivamente diante de todos o que normalmente faria às escondidas e, no que se refere a sexo, pratique as variantes mais ridículas. E, finalmente, quando você tiver vontade, devore um polvo ou uma lula crua e morra! Essa é a felicidade que podemos nos garantir.

Livro: Vitaminas Filosóficas, A arte de bem viver - Theo Roos

Homens

 Não lembro agora de onde tirei esse texto, mas achei muito legal e verdadeiro.
  
"Existem regras que um homem de verdade tem de respeitar. Não falo do gênero humano. Falo dos homens. As mulheres, aí é outra coisa. Mas as mulheres também podem entender o que vou dizer. O que provarei mais abaixo.
Um homem de verdade. Você sabe quando está diante de um pelos amigos dele. Se um homem tem muitos amigos próximos, não há erro: eis uma boa pessoa. Amigos próximos, não amizades.
Um homem de verdade é leal aos seus amigos. O que não significa fidelidade. Um homem pode muito bem passar meses sem encontrar um amigo, e isso em geral ocorre por ele estar ocupado com mulheres. Não tem problema. Eles continuam sendo amigos. Nada vai mudar quando se encontrarem. A lealdade de um amigo não está vinculada à fidelidade. Com as mulheres é o contrário: elas só são leais quando existe fidelidade.

Um homem não fica ressentido com o amigo. Ressentimento é coisa de mulherzinha. Quando há algum problema, o homem chega e diz. De preferência, xingando de antemão:

– Mas tu é um viado mesmo! Como é que tu foi me fazer essa???

Quando um homem tem uma crítica a fazer, ao amigo, ele faz :

– Filho da puta!

Se um homem não pode ir a um encontro com o amigo, não há problema algum em avisar com 15 minutos de antecedência.
– Meu: não vou. Pintou uma gatinha.

– Mas que corno. Tudo bem, vou beber sozinho.

Importante: um homem bebe e se diverte com os amigos. Está presente nas horas boas. Qualquer um pode se fazer presente nas horas ruins, ir a um velório, fazer visita em hospital, mas o amigo é aquele que está sempre pronto a sair e beber e rir com os amigos.

Um homem não omite os defeitos do amigo, exalta-os:

– O Carlos tem pinto pequeno.


 
Um homem forma a essência da sua personalidade aos 12 anos e não muda mais. É por isso que homens gostam de piadas, de jogar palitinho e de dizer besteira. Um homem de verdade diz besteira.Um homem pode ficar chateado com seu amigo – por cinco minutos. Um homem pode falar mal do seu amigo – na frente dele. Um homem pode até chorar diante de um amigo – desde que não se importe que o amigo o chame de bichinha. Se a sua mulher não gosta dos seus amigos, cuidado: ela não gosta de você.
Um homem de verdade é leal até com seus inimigos. Ciladas são coisas de mulherzinha. Mas uma mulherzinha é diferente de uma mulher de verdade. Uma mulher de verdade sabe, ou intui, que um homem tem de ser como descrevi acima."

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Diferenças


Ah, essas diferenças.
Diferenças que te assustam, que te fazer pensar negativamente, que prendem suas mãos, faz sua cabeça zunir e seu coração trepidar.
É difícil assimilar essa ideia.
Desejar algo e, simultaneamente, censurar-se e tentar convencer-se de que algo está errado e que isso não pode ser seu.
Motivos?
Você os inventa e reinventa quantas vezes achar necessário. Baseando-se sempre na diferenças.

"Oh, isso não é para mim." Quantas vezes você já disse essa frase?

Diferenças.
Tanto faz quais são. Diferenças oferecem ótimas oportunidades quando trata-se de fugir de algo.
Basta comparar algo a si mesmo para ter-se motivos para rejeitá-lo.
Grande demais, pequeno demais, bonito demais, feio demais, quente demais, frio demais, velho demais, jovem demais.

Eu entendo.
Entendo que algumas situações nos amedrotam só de pensar.
Mas isso não pode nos fazer simplesmente rejeitar tudo sem pensar.
Pensar é o que precisamos. Parar para analisar. Conhecer bem a situação com a qual estamos lidando.
Pois a vida está aí.
As vezes é mais fácil apenas ignorar certas oportunidades, mas as oportunidades nos levam a viver realmente, levam-nos experiências e emoções, levam-nos a tudo o que importa.

Pare um pouco e reflita sobre a oportunidade que surge diante de você. Pense...dê uma chance...
Se depois disso resolver que não vale a pena, tudo bem. Mas não deixe de tentar.
Veja que essas diferenças estarão em qualquer oportunidade que se apresentar. Não importa qual ou onde. As diferenças estarão lá.
E você terá que lidar com elas.


Você espera mesmo ter certeza de algo?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tudo Flui

Steve Grand convida o leitor a pensar numa experiência de sua infância. Alguma coisa de que você se lembre bem, alguma coisa que você consiga ver, sentir, talvez até cheirar, como se estivesse mesmo lá. Afinal de contas, você estava mesmo lá naquela época, não estava? Senão. como iria se lembrar? Mas aqui vem a bomba: você não estava lá. Nem um único átomo que está em seu corpo hoje estava lá quando aquilo aconteceu [...] A matéria flui de lugar para lugar por um instante reúne-se para formar você. O que quer que você seja, portanto, você não é aquilo de que é feito. Se isso não faz você sentir um calafrio na espinha, leia de novo até que faça, porque isso é importante.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Apredizado


Ontem, conversando com uma colega, também professora, ela me falando sobre suas aulas e como ela as vezes puxa o assunto para um debate sobre respeito, consciência, valores. Em certo ponto ela diz aos alunos que eles estão na fase de aprendizado. Parei para pensar sobre isso e vi que todos estamos. Alguns com mais experiências, outros com menos. Mas todos aprendemos ao longo da vida toda.
Talvez por isso eu me sinta tão a vontade sentado na cadeira de aluno.
As minhas lições estão chegando de tudo que é lado.
Cada vez mais valorizo a paciência e o tempo. Pois o tempo nos acalma e coloca as coisas em seus devidos lugares. Más notícias sempre vão aparecer(e algumas retornar), mas com o tempo as coisas boas acontecem. É só ter paciência.
Esqueça aquela imagem tranquila de uma pessoa esperando as coisas acontecerem. Isso não é ser paciente. Isso é ser acomodado. Paciência é não querer resolver tudo de uma vez e de maneira rápida. Paciência é não se afobar. Mas é necessário correr atrás do que se quer, na velocidade adequada a cada situação e mantendo o foco nos seus objetivos.
 Nada acontece sem movimento.

Estou fazendo o que preciso fazer para chegar aos meus objetivos. Estou tomando decisões, algumas bem difíceis. Estou tentando otimizar meu tempo e valorizar minhas experiências. Estou arriscando mais.  Aquelas mudanças que já escrevi, estão acontecendo, nem muito rápido, tampouco devagar. Na velocidade adequada. Ainda sinto algumas dores de vez em quando, mas aprendi que certas coisas são permanentes, mas nem por isso é impossível conviver. Estou, cada vez mais, aprendendo a lidar com essas situações desagradáveis, e tenho me saído bem. Pois faço de tudo para não perder o foco. Estou com coragem para enfrentar e passar pelos obstáculos e com cautela para pisar devagar em terrenos desconhecidos.
Hoje sou professor, mas nunca deixei de ser aluno. Como diria meu velho pai "A vida é uma escola e o professor é o destino".
Quero retomar tudo que já fiz de bom.
Estou aberto para vida e para novas e antigas experiências.
Estou feliz por estar vivo.
Estou em movimento.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Decisões

Minhas cabeça tá zunindo. 
A tomada de decisões sempre me faz bambear um pouco. E nesses dias não tem sido diferente. Afinal, é meu futuro que está sendo decidido. Um turbilhão de pensamentos invade minha mente. Penso em recuar, voltar atrás. Refaço o caminho. Tento imaginar todas as possibilidades. E penso se não foi um erro, se não me precipitei. 
Tenho lido bastante, ouvido muita música, voltei a tocar violão e estou me programando para viajar de novo.
Com certeza a estrada me fará bem.
Aos poucos vou colocando as coisas no lugar, (ao menos o que posso colocar).
Não sei o que vai acontecer comigo. Se terei que retroceder e voltar a fazer o que não quero.
Já tenho algumas boas notícias e torço para que permaneçam boas.
Tenho visto coisas que pensei que não iriam acontecer também. É sempre uma surpresa constatar que não se sabe quase nada sobre algumas pessoas. Mas ainda prefiro achar que só tenho visto por que querem que eu veja, ou seja, proposital. O que posso fazer?
Não sei o que se passa na cabeça das pessoas ao meu redor. Sabe aquele sentimento de criança que te fazia pensar que todos ao seu redor escondiam um segredo de você, te observavam escondido, mas quando você olhava todos já tinham voltado a fingir que estavam fazendo outras coisas, todos sabiam "a verdade" menos você e esperavam você descobrir tudo sozinho. Nada é o que parece. As vezes ainda me pego pensando nisso. E começo a rir de mim mesmo.
Contudo, a sensação de estar no caminho certo tem me envolvido.
E fico feliz pensando assim.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

All Dressed Up

I pack my suit in a bag
I'm all dressed up for prague
I'm all dressed up with you
All dressed up for him too...
Prepare myself for a war
Before I even open up my door
Before I even look out
I'm pissing all of my bullets about...
Wrap myself in a bag
I'm all wrapped up in prague
I'm all wrapped up in you
I'm all wrapped up in him too
Prepare myself for a war
And I don't know what i'm doing this for
Trying to let it all go
But how can I when you still don't know?
I could wait for you
Like that hole in your boot
Waiting to be fixed
I could wait for you
What good would that do
But to leave me bruised?
Cheers darlin'
Here's to you and your lover
...darling
I got years...
Pack my suit in a bag
Pack myself in a bag
Pack my suit in a bag
All dressed up for Prague
Pack my suit in a bag
All dressed up for
All dressed up for
All dressed up for

Damien Rice

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O que fazer?

Uma frase ecoa na minha cabeça. Uma frase curta e simples. Dita em um momento de tensão, mas dita com firmeza. Talvez dita sem pensar, mas isso só me leva a crer que essa idéia já existia e, nesse momento, apenas foi verbalizada.
Foi como o disparo de um relógio. Começou a contagem regressiva. Agora é só questão de tempo até acontecer.
Agora não sei o que fazer. Na minha mente a opções apresentam-se claramente. Cada rumo a tomar. Mas eu não lido muito bem com opções.
Estou confuso por ver algo que em entristece assim tão próximo e minha ignorância sobre o que está acontecendo. Sei exatamente o que fazer para saber, mas estou receoso. As vezes tento me convencer de que não é nada do que estou pensando e que tudo vai se encaixar alguma hora.
Talvez eu devesse acabar com tudo isso de uma vez.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Questionar = Revolta

u
Algumas(muitas) pessoas dizem que sou revoltado. Pois questiono coisas que a nossa sociedade elegeu como inquestionáveis. Por exemplo, quando eu era aluno do Ensino Fundamental eu quis saber por que eu não podia me defender quando as acusações eram feitas pelo vice diretor da escola em que eu estudava. Sempre quando ele falava tínhamos que ficar TODOS calados, ouvindo coisas que não eram necessariamente verdade. Como quando perdi o ônibus e cheguei atrasado, fui levado diretamente à sala do vice diretor para me juntar a outros que foram pegos matando aula, mas eu não havia feito aquilo. Mas sempre que tentava falar algo em minha defesa, alguém (professor, inspetor, etc) me mandava ficar em silêncio e apenas ouvir qual seria minha punição. Os outros só ouviram sermão, apenas meu pai foi chamado por que eu era muito "mal educado" e não aceitava quieto quando eu estava "errado".

Crescendo passei a questionar alguns aspectos do meio em que vivo. Lógico que eu uma hora ou outra iria chegar na política. Porém, uma da frases mais populares que escuto é "Pra que ficar discutindo política? Não vai mudar nunca mesmo.", ou as pessoas revelam não gostar desse assunto, pois 'político é tudo ladrão'. Mas ainda me pergunto: COMO ASSIM?
Nossa vida é comandada por política. As coisas não mudam exatamente quando há esse tipo de pensamento. Se ninguém se mexe nada acontece. Os políticos que estão nesse momento atuando no nosso governo são pessoas como nós. Eles não vem de outros lugares, eles saíram do nosso meio. Se eles são desonestos é por que nós somos desonestos. Nós sempre damos um 'jeitinho brasileiro' para poder levar vantagem sobre o outro. Fazemos um 'gato' para não pagar imposto. Usamos nossos parentes que estão num cargo privilegiado para que nos consiga alguns favores. Subornamos oficiais que deveriam cumprir a lei e, em certas situações, nos punir. Colamos nas provas. Enganamos outras pessoas para podermos levar alguma vantagem.
Os políticos fazem a mesma coisa, a única diferença é que ele tem a oportunidade de levar vantagens bem maiores. E quem deu essa oportunidade à eles? Nós.
Nós os colocamos onde estão e os deixamos fazerem o que quiserem com nossas vidas.
É o país dos 'espertos' e também do egoísmo. E no final todo mundo dá rasteira em todo mundo e ficamos todos caídos no mesmo chão.
Acho que John Nash tem muito a nos ensinar nesse aspecto(assistam o filme A beautiful mind, estou falando da cena no bar)
E ainda querem censurar meus questionamentos em relação à política.

Quem nunca ouviu a frase "Religião não se discute"?
Essa idéia é disseminada a torto e a direito como uma verdade imutável. Mas ninguém até hoje me explicou o motivo.
Eu não discutiria se cada pessoa guardasse sua religião para si mesmo, mas eu tenho que conviver com religiosos batendo na minha porta, me parando na rua, influenciando as decisões na Câmara dos Deputados e no Senado em favor da doutrina que recebem em suas religiões(bancada evangélica e lobby católico), símbolos religiosos em departamentos públicos. E, como se não bastasse, ainda sou visto como uma má pessoa por não crer ou seguir nenhum deus, doutrina ou religião.
Tenho que lidar com tudo isso e ainda querem me dizer que não posso questionar religiões. Tamanho é esse absurdo que a maioria das pessoas acha que tudo isso é certo, que as religiões, principalmente a cristã, são intocáveis e inquestionáveis.

Com esse fato em mente, não poderia acontecer outra coisa, começo a questionar o comportamento das pessoas, na quais eu me incluo. Como podemos aceitar tudo isso e silenciar? Aceitar que façam o que quiserem com nossas vidas, aceitar servir de fantoches e nos esconder como realmente somos, reprimir nossos questionamentos apenas para evitar conflitos?

Se ser rotulado como revoltado significa querer viver minha vida sem ser uma marionete dos dogmas da sociedade, então fico feliz em ser revoltado.
Pense criticamente!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Jogando

Não é em qualquer jogo que ser titular é bom. Há jogos em que é legal estar na reserva. Mas o ideal em certos jogos é ser ÚNICO. Ou é você ou o jogo acabou. Você sente que o jogo é realmente seu.
Sentir a responsabilidade de acertar cada lance, e arcar com as consequências a cada erro.
Perdas, ganhos, mérito, culpa.
Tudo com um pouco de você.
Sabendo que essa poderá ser sua única chance, você dá seu melhor, pois não há ninguém na reserva. Ninguém vai te substituir.
Dando o seu melhor dentro do seu jogo ideal.

Mas ... sinceramente ... eu só queria poder não jogar.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Deixe as crianças em paz

Agora todo mundo critica a "molecada de hoje em dia". Saudosismo nas alturas, todo mundo quer relembrar sua infância, exaltando-a dizendo "No meu tempo que era bom". Cheguei a ver o cúmulo de alguém postar no Tumblr a imagem do Sol/Bebê dos Teletubbies e dizer que aquilo é só pra quem teve infância. Sinceramente, se sua infância foi assistir a esse tipo de coisa retardada que trata as crianças feito imbecis, então você não está em vantagem nenhuma em relação ao que crescem vendo porcarias com violência. Aliás, qualquer um que baseie o conceito de infância feliz em programas de televisão é simplesmente um grande exemplar de estúpido tomado pela ignorância. Portanto, deixe a "molecada de hoje em dia" em paz. Se não for para apresentá-las a algo realmente útil, se for só para compará-las a gerações anteriores com o intuito de apenas mostrar o quão são "inferiores". Feche sua maldita boca e cuide apenas do seu próprio rabo. Pois sua infância foi tão inútil quanto você pensa sobre a geração atual.
Duvida?
Pergunte aos seus pais.

sábado, 2 de abril de 2011

Eu, o desleixo em pessoa.

De vez em quando alguém chama minha atenção para o jeito como eu me visto e me comporto, de um modo geral, para minha maneira de ser.
Sempre com boas intenções, pessoas tentam me orientar para que eu "melhore" minha aparência, meu linguajar, minha postura, etc. Um dos argumentos que mais ouço é que eu não aparento ser quem sou.
Bom, sei que, quando falam isso, referem-se ao fato de eu ter estudado bastante, ser professor e ter certos conhecimentos e experiências.
Dizem que eu devia me vestir mais adequadamente. Porém, quando paro para analisar cada pessoa falando isso, percebo que querem que eu mude na direção delas. Individualmente, querem que eu me refaça seguindo o modelo de cada uma. Sutilmente me dizem: "Seja como eu!"
Como eu sempre digo: Quando você pensa que está fazendo a coisa certa, torna-se um prepotente, arrogante. Você se acha melhor que todo mundo.

O que faz uma pessoa considerar a possibilidade de ser melhor que todo mundo e especial o suficiente para querer que todos tomem-na como exemplo?

É absurdo, mas eu preciso dizer que não há quem possa dizer se eu aparento ou não ser quem sou, pois isso só é possível quando alguém me conhece muito profundamente e não apenas por saber qual a minha profissão.(Você não é seu emprego!)

Eu, o desleixo em pessoa. Me sinto bem com isso. Não ser invejado(Você não é o que tem na carteira!), ninguém querer ser como eu. Eu sequer gosto de ser notado. Estou passando, aprendendo, curtindo, sentindo tudo de todo lado sem ser incomodado por coisas fúteis e inúteis.
Ao que parece, o mundo olha para mim e não me enxerga. Vê apenas um cara sem nada para oferecer. Mas eu prefiro assim. Só quem tem coração para chegar perto o bastante saberá mais sobre mim. Não preciso fazer propaganda. Sou só mais um cara na rua. Mais um rosto entre tantos. Sem nada de especial.
Quieto, apenas observo. Ninguém me vê chegar. Ninguêm nos vê chegar.
"... veja as figuras de nós...eu...com pele ruim, feio, desgraçado, mal penteado, mal vestido...eu...pobre, brasileiro, terceiro mundo, filho da puta, miserável..." Tom Zé

domingo, 27 de março de 2011

Essas mudanças.

Há tempos que anseio por mudanças na minha vida. Agora que elas estão acontecendo, estou me questionando ainda mais sobre o que fazer comigo mesmo. Que rumos tomar, o que fazer, para onde ir, se devo realmente ir, se devo realmente fazer.
A única coisa que tenho de certo é não voltar. Não andar para trás. As mudanças que pedi e corri atrás para que acontecessem começaram. E quero mais.
Mais caminhos para trilhar.

A idéia de sair dessa casa definitivamente voltou a habitar minha mente. Apesar de morar só com meu pai e meu irmão menor e ter total privacidade e liberdade para fazer o que quero, sei que não será a mesma coisa. Quero sentir que sou o único cuidando dos meus interesses e de mim mesmo. E o Sr. Paulo não vai permitir isso enquanto eu estiver junto dele, já que ele foi o único a cuidar de mim durante esses quase 24 anos, não vai perder esse hábito facilmente.

No campo profissional estou feliz. Apesar de adiar minha viagem pelo litoral nordeste do Brasil, sair da área financeira foi ótimo. Quero envelhecer, mas não antes do tempo. Não quero parecer velho e não ter histórias suficientes para contar. Apesar de uma amiga ter me comparado ao Forrest Gump. Quando eu realmente estiver velho, e isso vai acontecer, terei tanto o que contar que alguém terá que ajudar minhas velhas mãos cansadas a registrar tudo.
De volta à área de educação me sinto até mais leve. Não que eu ache que será fácil. É pelo simples motivo de que me sinto mais útil. Tenho gana de pensar em soluções para os problemas. Ir atrás do que quero e preciso. Sinto-me feliz em dizer “Sou professor”. Apesar de todos os problemas dessa área que todos já sabem.

Estou conhecendo uma galera nova. Pessoas que, pelo que vejo até agora, querem melhorar o que vêem em volta e não vão deixar suas vidas passarem em vão. Estou lendo muito sobre as propostas deles, sobre o que pretendem e estou gostando muito. A política está atrativa de novo. Estou a cada dia mais afim de me engajar com pessoas assim e esse tipo de movimento. Essas experiências em grupo são muito válidas. Principalmente para mim, que não sei quase nada nesse campo, já que a maior parte de tudo o que faço são atividades solitárias.

Até minha fila de livros para as próximas leituras mudou um pouco. Troco qualquer clássico por um poeta beat. Dos seis próximos livros, cinco são da geração beat. Estou fascinado em ler o jeito como Jack Kerouac escrevia.
Vejo na filosofia algo para minha evolução pessoal. Considero até a possibilidade de fazer uma outra faculdade, só pelo prazer de fazer. Divido meu tempo em ler, observar e, quando consigo, aplicar esses conhecimento lá fora. Ando saindo mais de casa também. Saindo sozinho para observar, saindo com amigos, que é outra coisa que parei para analisar. Tenho em minha cabeça claramente quem são meus amigos e aqueles que são apenas conhecidos e, por algum motivo, mantém suas vidas longe de mim. Amigos como o Marcos, ele é realmente um bom amigo, parceiro mesmo, de longa data. Não que para ser amigo precise me conhecer a mais de uma década. Só é necessário agir como tal e sentir isso. Agora, conhecidos são como...deixa pra lá, eles não lêem o que escrevo mesmo.

Como disse antes, tenho me questionado mais. Paro um pouco de perguntar o que há de errado com o mundo para perguntar o que há de errado comigo. O que eu tenho? O que falta em mim para que eu possa chegar onde quero?
Me questiono muito para tentar construir algo que realmente me faça chegar a momentos cada vez mais felizes. Para tentar conseguir essas respostas vou tentar cada vez mais viajar. Sair de casa, ir para a estrada, passar dias em ares totalmente estranhos e pensar em quem eu realmente sou.
Vou continuar correndo atrás das minhas mudanças, atrás daquilo que quero, atrás da minha vida. Sou jovem, tenho sede e quero vida. Depois de tanta pancada nessa minha trajetória, acho que mereço essa folguinha. Mas isso é outra história.

quinta-feira, 24 de março de 2011

17 segundos

O Sol acaba de ir embora. Em pé, em frente ao espelho, ele arruma o cabelo. Enquanto uma banda antiga toca no rádio ele pensa no melhor penteado para sair de casa.
Um par de botas gastas, jeans surrado, camiseta preta envelhecida, pente na mão.
Reflexão diante do espelho. Dezesseis anos e a música termina.
Começa outra.
Não consegue se decidir. Faz, defaz, muda, retorna ao início...
Olha fixamente para seus olhos no espelho considera a possibilidade de raspar a cabeça mais uma vez. Imagina por alguns segundos como ficaria agora que está mais crescido.
Indecisão.
Pronto para mais uma tentativa, leva o pente mais uma vez para o alto, mas pára no meio do caminho.
Não consegue acreditar.
Estático, arregala os olhos e procura o chão debaixo dos seus pés.
Seu coração acelera e a respiração fica mais difícil. Mas ele nem pensa em respirar.
Paralisado. As lágrimas começam a descer por seu rosto e molha sua camiseta tornando-a ainda mais escura.
Não pode acreditar.

O rádio. A música.
De repente nada mais importa.
O som vai diminuindo lentamente até o silêncio total.
A música termina.
Não consegue conceber a existência de tanta beleza.
Tremendo ele vai até o rádio. Acaba de entender o que está acontecendo.

Ouviu aquela música muitas vezes mais.
Nunca mais se preocupou com o cabelo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Torpor

De olhos abertos, num fascínio alucinado, salto fechando os olhos para alucinações fascinantes.

Lua Vermelha

Mostra-me agora
Quem te faz chorar
Quem te machuca
E quanto tempo faz

Pois agora me preocupo
Com as pessoas ao redor
Com lágrimas ou sem elas
Ouço agora sua voz

E me ponho a chorar
Nesse silencio embriagador
E viajo pelo céu
De espaço, caçador.

E não faz muito tempo
Que o Sol se assemelha
Aos olhos de um mundo
Nossa Lua Vermelha

E derrama nossas lágrimas
No meio do céu, estrelas.
Reinando na noite
Essa Lua Vermelha


Miguel Gonzales

domingo, 20 de março de 2011

Vida em Movimento

"Não confie num pensamento que vem quando você está sentado."
Essa frase passou a fazer muito sentido para mim. Encontrei ela no livro Vitaminas Filosóficas - A arte de bem viver do filósofo e músico alemão Theo Roos, na parte que ele fala sobre Nietzsche. Pensando sobre ela, comecei a perceber alguns comportamentos das pessoas ao meu redor e meus também.
Percebi o quanto torcemos para que o fim de semana chegue logo e, quando chega, não fazemos nada. Ansiamos por aquele feriado que vai cair na segunda-feira e teremos três dias seguidos de folga e, quando ele chega, ficamos em casa grudados no sofá, muitas vezes reclamando de não ter nada para fazer. E o pior, aguardamos durante um ano inteiro a chegada de nossas férias e, quando a tão sonhada chega, dormimos muito, comemos muito, vemos muita TV(no meu caso não, pois não perco meu tempo com TV), nos arrastamos pela casa durante vinte ou trinta dias, quando voltamos ao trabalho dizemos a todos que usamos as férias só para descansar.

Descansar? Para quê?
Para voltar ao trabalho revigorado e ser mais produtivo. Descansado para dar o máximo no emprego por mais um ano e ansiar pelas próximas férias nas quais você, mais uma vez, apenas se arrastará pela casa para começar tudo de novo.

Isso me lembra uma frase que ouvi de um tio certa vez: Você trabalha para viver ou vive para trabalhar?
Por que dedicar-se tanto às atividades que, em tese, apenas serviriam para garantir-lhe o sustento, a moradia, o lazer, enfim, a sobrevivência?
Na prática trabalhamos para nos manter trabalhando.
Nos alimentamos para continuar com energia para trabalhar.
Dormimos para ir trabalhar de manhã.
Estudamos, adquirimos conhecimentos para melhorar no trabalho.

Estamos fazendo o caminho inverso.

Percebi isso em mim. Nas minhas últimas férias fiquei vinte dias em casa. Eu lembro e vejo que realmente me arrastei os vinte dias pela casa. Lia um pouco, estudava um pouco, navegava na internet um pouco, comia um pouco, dormia e me entediava muito.
Quando voltei ao trabalho e alguém me perguntou o que eu fiz no meu tempo de férias. Respondi: NADA!

Isso me deprimiu. Fiquei muito triste mesmo ao perceber que tive tempo para fazer muitas coisas bacanas e não fiz.
Me perguntei muitas vezes "Por que não fiz?"
A única resposta que me vinha à cabeça era por que eu não quis, me acomodei, vegetei por vinte dias, reclamei do tédio pela simples razão de não ter sequer a iniciativa de dar um pulo lá fora pra ver como estava o tempo. E, se eu estava deprimido nessa hora, a culpa foi toda minha.

"NÃO CONFIE NUM PENSAMENTO QUE VEM QUANDO VOCÊ ESTÁ SENTADO."

Eu, que sempre me revoltei com o conformismo, agindo dessa forma.
Me revoltei mais uma vez. Agora comigo mesmo.
Vinte e três anos e estou perdendo minha vida. Estou vendo-a passar sentado nessa poltrona de velcro. Reclamando do tédio e da vida enquanto ela passa lá fora.
Perdendo tempo, perdendo a vida.
Prometi que jamais faria isso de novo.
Passado pouco mais de um mês, chega um feriado, numa terça-feira, o que signifiva quatro dias seguidos de folga.
Não pensei duas vezes.
Joguei uma mochila nas costas e durante quatro dias eu andei por quatro estados.
Foi uma experiência maravilhosa.
Nesses quatro dias vi mais coisas do que no vinte dias de férias anteriores.
E um detalhe importante, eu tenho algo para contar. Pois, como já disse Nelson Gonçalves, a vida só vale a pena se tiver algo para contar aos seus netos.

Então, não adianta ficar sentado, vendo o relógio dar voltas, enquanto a vida passa e sua morte se aproxima.
Faça algo.
Não precisa ser como eu e sair por aí com ma mochila nas costas a cada fim de semana possível. Se quiser, ótimo, eu recomendo. Mas pode ser qualquer outra coisa.
Aprenda a tocar um instrumento e faça músicas. Vá dançar. Sinta o frio das águas do mar ou de um rio. Se enfie no meio do mato e acampe por lá. Reúna a galera. Pratique algum esporte, não para manter um visual, mas um esporte que te dê alegria, que seja prazeroso. Curta uma vida em movimento.
Sinta o cheiro da rua. Vá simplesmente dar uma volta, ande pelas ruas e conheça sua cidade. Conheça lugares. Vá aonde você nunca foi. Experimente. E, para que tudo isso seja possível, o mais importante...
SAIA DE CASA

quinta-feira, 17 de março de 2011

Músicas de Protesto

Hoje meu gosto musical foi questionado.

Estava eu tranquilo, sentado num banco com meus fones de ouvido, num daqueles momentos felizes em que somente presto atenção à música e canto sem emitir som algum. Uma mão me toca o ombro, era uma colega, conhecida a pouco tempo, disse que me chamou algumas vezes, mas só obteve minha atenção pelo tato.
Realmente, nesse momentos, eu não ligo mais pra nada.
Ela me perguntou o que eu estava ouvindo que me levava tão longe.
Mostrei a ela. Professor Dylan em seus primódios.
Começamos a conversar sobre música e, ao ouvir que eu gostava muito de músicas com contexto social, minha colega expressa uma opinião que achei muito estranha.

Como eu poderia gostar desse tipo de música? Elas não fazem diferença, não mudam nada, não resolvem os problemas da sociedade. É perda de tempo dar importância à essas músicas. Seria melhor se eu escutasse músicas que retraram sentimentos como amor e que fale a beleza do mundo.

Achei estranho alguém conceber a idéia de que eu creio que músicas irão resolver os problemas de alguém.
Nenhuma música poderia resolver os problemas de uma pessoa, quanto mais da nossa sociedade. Porém, não é esse o objetivo das músicas de protesto.
Músicas desse tipo nos fazem pensar. Nos fazem refletir sobre a realidade. Afinal, esse é o ponto de partida para qualquer mudança, principalmente para solucionar problemas.

Pensar.

É isso que as músicas de protesto fazem.

A longo prazo, essas músicas espalham e imortalizam idéias. Os músicos morrem e nós continuamos a cantar suas canções. O tempo passa e essas músicas permanecem. Carregadas de pensamentos, carregadas desejos e mudanças.
Músicas que protestam contra uma realidade injusta, soa por muito tempo nos ouvidos daqueles que beneficiam-se com essa situação. Não só pela própria canção, mas por todos que a ouviram, pensaram e dispuseram-se a mexer-se a favor de um ideal.
Essas músicas são uma pedra no sapatos do figurões. São os calos apertados dos 'poderosos'.
Sem a divulgação e propagação de pensamentos promovidas por músicas de protesto, os beneficiados pela desigualdade entre as pessoas estariam muito mais próximos do total controle sobre os outros. A luta pela liberdade e pela igualdade não seria a mesma. A música une pessoas num mesmo objetivo, sem ela cada um estaria só, isolado.

A música nos faz pensar, nos faz buscar o que desejamos, imortaliza idéias, nos faz lutar e nos une.

Cada canção vence uma batalha na guerra pela igualdade e liberdade.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Domingo


Muitos considerariam esse dia bonito e feliz.
É aquele dia que vem à mente das pessoas quando idealizam um típico dia de verão.
Enquanto o Sol brilha lá fora, esse homem deixa-se cair sobre as almofadas do sofá.
Olha para o teto procurando formas de rostos nas imperfeições da laje pitada de branco.
Pensa em dormir um pouco, mas seus olhos teimam e manter-se abertos. O sono o abandonara há várias horas.
A TV ligada apresenta interferências, mas ele não se importa, não está prestando atenção.
Suas contas estão pagas.
Ele sabe, há muito o que fazer. Imagina a grande variedade de coisas que poderia fazer se saísse de casa agora. Mas não sai.
Não se mexe.
Um poço de tranquilidade.
Nada o anima.
Mais um dia perdido entre essas almofadas.
O suor desce devagar em sua testa.
O tempo passa devagar.
O mundo está mais lento hoje.
Parece que respira só o suficiente para manter o sangue circulando.
Calmo.
Abraça o ócio e espera. Espera por nada.
Não é mais um homem, é um objeto que decora a sala.
Não vive, vegeta.

terça-feira, 8 de março de 2011

Àquela de tantos abandonos



Querida amiga,
Sinceramente, não acredito que você seja a causa da minha tristeza, mas não tenho dúvida que você é a mais assídua colaboradora da minha sorte.
Na solidão deste quarto posso ainda embalar-me em bons pensamentos e esquecer, por instantes, essa dor que você já conhece, com uma porção de imagens ilusórias.
Quando estamos juntos e, em meu peito, você chora suas angústias, lamenta o amor e relembra suas alegrias passadas, a tristeza corrói meu ser de tal maneira que é difícil perceber o chão sob meus pés.
Saber que suas boas lembranças são de um tempo em que você esteve distante, enquanto eu, neste mesmo quarto, dirigia meus pensamentos na sua direção.
Saber que a sua alegria significa o meu abandono, seu sorriso minhas lágrimas, suas lágrimas minhas angústia.
Saber que nessas linhas te suplico para me tomar nos braços com um pouco de ilusão e fugir dessa realidade amarga que nos envolve, e você jamais colocará seus olhos nessas palavras.
Amigos para sempre, pois para sempre te amarei. E, para sempre, esconderei dos teus sentidos o quão infeliz você me faz.

Miguel Gonzales

Amor de mãe

Ouço muito falar nesse tal amor de mãe.
Um amor insubstituível.
Amor maior.
É comum ver presidiários com a frase “Amor só de mãe” tatuada em seus corpos.
Algo divino, acima de todos os outros sentimentos.
Mas, minha mãe jamais me amou assim.
Ela me rejeitou a vida toda e, ainda hoje, me trata diferentemente dos filhos de seu segundo casamento.
Por muito tempo pensei ter sido privado desse amor.
Mas amor de mãe nem sempre vem das mães.
Vem de pais, avós, irmãos, tios, padrinhos, de desconhecidos distantes que se esforçam pra te dar uma ajudinha na vida.
Pra mim esse amor vem do meu pai, a melhor mãe que eu poderia ter.

Eu fico

Eu não vou sair daqui
Firmo meus pés nesse chão
que é meu por direito
Eu não vou sair daqui

Você está em dívida?
Você é culpado?
Se for, faça-lhes a vontade
e continue se movendo

Mas eu não vou sair daqui
Minha culpa é ser livre
Não vou recuar
Não vou fugir

Se eu andar, será pra frente
Em frente pra enfrentar
quem, à força, quer calar
a voz, a poesia, a mente

Tenho meus pés calcados
nessa terra dura
Onde maldade e censura
atacam por todos os lados

E nessa hora em que me mandam sair
Minha cara está aqui para bater
Finco minhas raízes para dizer
Que não vou sair daqui.

Miguel Gonzales

Você não diz

Ouço suas palavras. Dizem que sou um cara legal, uma boa compania, até bonito. Que gosta muito de mim, que mereço ser feliz, que sou especial, ao menos pra você. Você diz que eu devo ter paciência, que um dia vai aparecer na minha vida alguém que me mereça, alguém que goste de mim, alguém que me ame. Diz que não entende como um cara com todas as minhas qualidades ainda não está fazendo a felicidade de alguém, mas que esse alguém irá aparecer.
Porém, não é você.
Você não diz, mas age como se fosse indigna de estar ao lado de um homem como eu. Ignorando meus sentimentos e desejos, não importam quais.
Você não diz, mas...não quer estar comigo.
Pois você quer estar com ele.
Ele...que te faz feliz, a quem você faz feliz.
Que faz seu sorriso iluminar o ambiente e seus olhos cintilarem.
Ele que é ótimo com as palavras e sempre fala o que você quer ouvir. Te completa. Com elogios e declarações que fazem seu coração trepidar.
Ele que é um anjo. Que lhe dá segurança e sonhos preguiçosos.
Ele que é lindo.
Então, você está feliz.
Você está linda, de mãos dadas, passeando numa brisa fresca. Acorda pela manhã e é invadida por pensamentos alegres, esperançosos. Ansiosa para que o tempo passe logo e você possa estar ali sentada ao lado daquele que tanto te adora.
Suas vidas começando....planos para o futuro...sorrisos abertos e sinceros...o peito cheio de vida e amor.

E quanto a mim?
Devo esperar a chegada de alguém que não me diga que outro alguém um dia irá chegar? Reprimir o que sinto agora para dar chance a "pessoa certa"?
Neste momento...e quanto a mim?

Miguel Gonzales

domingo, 6 de março de 2011

A Fênix


A fênix é um enorme pássaro da mitologia grega que quando morria entrava em autocombustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas.
A origem vem dos desertos da Líbia e da Etiópia. Seu nome prove do grego “phoinix” que significa “vermelho”. A Fênix foi considerado por gregos e egípcios como um semideus, e segunda a lenda, este ser se consome em suas próprias chamas a cada 500 anos, para mais tarde renascer de suas próprias cinzas como um fênix jovem e novo.



Acusações

"Apenas três anos de idade
E não podia parar de chorar
Por isso, o pai passou noites em claro
E o acusaram de dar trabalho

Enfermidade tomando seu corpo.
O conselho: deixe-o ir
Para aliviar o sofrimento (de alguém)
Talvez ele devesse mesmo dormir

Mas o acusaram de dar trabalho
Mas o acusaram de dar trabalho




Correu metade da cidade
Chegou, mas era tarde.
O corpo desceu, as lágrimas não.
E o acusaram de insensível

Doze anos e a vontade de chegar
Para dizer um último adeus
-Perdão, não corri rápido o bastante.
-Meu querido irmão, eu não consegui.

Mas o acusaram de insensível
Insensível, insensível, insensível.




Sentado à espera do professor
Alerta-o sobre a situação
Um impacto em seu corpo, passos para fora
E o acusaram de violência

Sua saúde, a vergonha, a humilhação.
Não podia permanecer ali
Não foi ouvido, ignorado, proibido.
Trancado, à força libertou-se.

E o acusaram de violência.
“Isto é violência!”. Isto é violência?


Dezessete anos e um amor próprio.
Sua escolha: mudar o rumo da vida
Arrancar de si o incômodo de longos anos
E o acusaram de egoísmo.

Cotidiano de lágrimas incessantes
Sofrimento escondido, sentado no chão do banheiro.
Calado, nervoso, estremecia e lamentava.
Sozinho para não afetar quem amava

E o acusaram de egoísmo.
Não, por favor, egoísmo não.



Mais um Outono e o telefone toca.
Distante, uma mãe quer lhe falar.
Jamais retornou.
E o acusaram de ser um mau filho

Ela já se fora há tanto tempo
Para uma nova família, uma nova vida.
Ele é um passado remoto.
Não foi a escolha dela

E o acusaram de ser mau filho
Um mau filho, o filho mau.






Uma sombra correndo pela noite
Questionamentos e lágrimas
Separação inevitável e dolorosa
E o acusaram de não amá-la

Diálogo já não havia
Sem sorrisos, nem mesmo um olhar.
Noites e noites dedicando-se
A pensar numa maneira de conseguir uma palavra

Mas o acusaram de não amá-la
-Como eu poderia não amá-la?

-Que tipo de monstro sou eu?"

Miguel Gonzales


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Livros

Um dia uma amiga me disse que eu tenho uma 'coisa' com os livros. Sempre que penso neles vejo que ela está certa.

É incrível como gosto deles.
Desde que aprendi a ler.
Logo que isso aconteceu eu tive a sorte de ter por perto dois caras que ajudaram muito na construção de paixão.
O primeiro, meu pai, que sempre teve a estante repleta de livros, a maior parte religiosos, mas só a imagem da estante cheia foi o suficiente para alavancar meu gosto por livros.
O segundo foi um cara muito legal. Um suíço chamado René. Um senhor de idade avançada já que me ajudou depois que desenvolvi o cancêr. Quando aprendi a ler ele passou a me presentear com mais do que aqueles maravilhosos chocolates. Livros. Vários. Histórias passadas na Áustria, Rússia e toda aquela região.
Tenho-os comigo até hoje, ao contrário do seu René. Com o passar dos anos acabei perdendo contato com ele. Mas foi uma figura importante na minha vida. Assim como os livros que ele me deu.
Sangue estranho.
Um bom diabrete.(esse eu gostei tanto que li muitas vezes)
O caso dos dez negrinhos.
Até A Revolução dos Bichos.(clássico)
E a lista continua. É vasta.

Os livros me acompanham onde for.
Ou será que eu os acompanho?
As duas coisas, talvez.

Um dia estava ouvindo Damien Rice, percebi que na música Amie ele cita a História de O.
Pensei no que seria essa história. Nunca tinha ouvido falar.
Curioso, passei a procurar e descobri que é um livro de uma autora francesa, Pauline Réage.
Resolvi adquirir o tal livro. Porém não foi tão fácil.
Visitei várias livrarias, sebos e não achava. Achei na internet, mas ainda tinha um pé atrás com compras on line(tsc tsc!).
Um mês depois do início da busca, já quase desistindo, eu voltava do trabalho pelo mesmo caminho de sempre e vi uma pilha de livros nunca lixeira(que sacrilégio!). Não pensei duas vezes em retirá-los dali(sim, eu sou esculachado, e nem ligo!).
Todo feliz pelo tesouro salvo em minhas mãos, analizava cada livro, olhava a capa, lia o nome do autor e, de repente, lá estava ele. De Pauline Réage, História de O.
Parei no meio da rua. Pelo tamanho do sorriso que se abriu no meu rosto tenho certeza que meus olhos brilharam.
Eu o busquei tanto e, no entanto, ele veio até mim.

As vezes penso que estão tentando se comunicar comigo além das palavras escritas em suas páginas.
Como no dia em que, sem motivo algum, eu abri uma gaveta que passa o tempo todo fechada lá no meu trabalho. O dia estava bem tranquilo. O típico dia em que as horas passam lentamente e trabalhamos muito mais rápido que o relógio. Numa pausa pra um café, abri a tal gaveta pra ver o que tinha lá. Pura curiosidade.
Entre grampeadores velhos, clips enferrujados e papéis amarelados, um livrinho. Não me recordo o título ou autor. Quando abri na primeira página tinha uma mensagem escrita com caneta azul. Mensagem de presente, o livrinho foi dado à uma das minhas colegas de trabalho e tinha uma data. Data em que a mensagem foi escrita e o presente foi dado. Olhei no calendário e constatei que naquele dia fazia exatamente um ano que o livrinho foi dado de presente. Procurei a moça, a quem se destinava a mensagem, entreguei o livrinho pra ela mostrando a data e falei: Faz um ano que ele está preso na gaveta, acho que ele quer ir pra casa.

A amiga que citei no começo do post é muito ligada em natureza, acho que o que eu sinto por livros ela sente por plantas. Numa conversa, ela comentou sobre o livro A Vida Secreta das Plantas. Livro que, pra variar, não acha-se facilmente.
Pensei, se ela que é da área, curte bastante o assunto, não acha, eu que não vou conseguir. Então só disse que se eu o visse por aí daria um toque pra ela.
E ví.
Passeando pelos sebos da região da praça da Sé, simplesmente surge, com sua capa verde, escrito em branco "A vida secreta das plantas".
Nem acreditei, nem pensei muito. Comprei e mandei uma mensagem pra minha amiga: "Achei seu livro."
Uma semana depois que ela me falou sobre o livro ele estava nas mãos dela.
Foi nesse dia que ela disse que eu tenho uma 'coisa' com os livros.

E, sinceramente, acho que ela está certa.