domingo, 6 de março de 2011

A Fênix


A fênix é um enorme pássaro da mitologia grega que quando morria entrava em autocombustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas.
A origem vem dos desertos da Líbia e da Etiópia. Seu nome prove do grego “phoinix” que significa “vermelho”. A Fênix foi considerado por gregos e egípcios como um semideus, e segunda a lenda, este ser se consome em suas próprias chamas a cada 500 anos, para mais tarde renascer de suas próprias cinzas como um fênix jovem e novo.



Acusações

"Apenas três anos de idade
E não podia parar de chorar
Por isso, o pai passou noites em claro
E o acusaram de dar trabalho

Enfermidade tomando seu corpo.
O conselho: deixe-o ir
Para aliviar o sofrimento (de alguém)
Talvez ele devesse mesmo dormir

Mas o acusaram de dar trabalho
Mas o acusaram de dar trabalho




Correu metade da cidade
Chegou, mas era tarde.
O corpo desceu, as lágrimas não.
E o acusaram de insensível

Doze anos e a vontade de chegar
Para dizer um último adeus
-Perdão, não corri rápido o bastante.
-Meu querido irmão, eu não consegui.

Mas o acusaram de insensível
Insensível, insensível, insensível.




Sentado à espera do professor
Alerta-o sobre a situação
Um impacto em seu corpo, passos para fora
E o acusaram de violência

Sua saúde, a vergonha, a humilhação.
Não podia permanecer ali
Não foi ouvido, ignorado, proibido.
Trancado, à força libertou-se.

E o acusaram de violência.
“Isto é violência!”. Isto é violência?


Dezessete anos e um amor próprio.
Sua escolha: mudar o rumo da vida
Arrancar de si o incômodo de longos anos
E o acusaram de egoísmo.

Cotidiano de lágrimas incessantes
Sofrimento escondido, sentado no chão do banheiro.
Calado, nervoso, estremecia e lamentava.
Sozinho para não afetar quem amava

E o acusaram de egoísmo.
Não, por favor, egoísmo não.



Mais um Outono e o telefone toca.
Distante, uma mãe quer lhe falar.
Jamais retornou.
E o acusaram de ser um mau filho

Ela já se fora há tanto tempo
Para uma nova família, uma nova vida.
Ele é um passado remoto.
Não foi a escolha dela

E o acusaram de ser mau filho
Um mau filho, o filho mau.






Uma sombra correndo pela noite
Questionamentos e lágrimas
Separação inevitável e dolorosa
E o acusaram de não amá-la

Diálogo já não havia
Sem sorrisos, nem mesmo um olhar.
Noites e noites dedicando-se
A pensar numa maneira de conseguir uma palavra

Mas o acusaram de não amá-la
-Como eu poderia não amá-la?

-Que tipo de monstro sou eu?"

Miguel Gonzales


5 comentários:

  1. Eu tenho orgulho de ser sua amiga, vencedor!
    Por toda a sua história... Por todas as suas conquistas.
    Você é a verdadeira fênix.
    Eu amo você, cara.#prontorasguei

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  2. Texto muito bom. Fica fazendo ecos depois de ser lido, e as fotos dão um complemento ótimo.
    A fênix demorou a ser completa, demorou pra ficar pronta. E agora, será que está?

    Ando sem tempo de conversarmos, mas seu blog ajuda bastante.

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  3. Minha Fênix está pronta. Pronta parar morrer e reviver. Para queimar e renascer. Sempre evoluindo.

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  4. Fodástico!

    Estou sem palavras, tentando entender as entrelinhas...

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  5. Pra entender mesmo, só com informações direto na fonte....hahahaha

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