quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mais que laço saguineo




Engraçado esse lance de família.
A minha, por exemplo, é enorme. Sou filho de pais divorciados, eles separaram-se quando eu era ainda muito pequeno, 1 ano, eu acho. Desde então moro só com meu pai. Ele teve outras mulheres(e como!), teve mais filhos e minha mãe fez o mesmo.
Resultado: Um total de 11 filhos.
Sim, eu tenho 10 irmãos.

No entanto, por conta das separações, nunca estivemos todos juntos. Álias, durante toda minha infância e parte da adolescência, eu só sabia que existiam tais irmãos, apenas dois deles moravam comigo.
Como sempre vivi com meu pai, estive sempre mais próximo dos filhos dele, o que não aconteceu com os filhos da minha mãe. Acho que perdi muito com isso, afinal são três pessoas muito próximas que estavam muito distante.
Não tive muita escolha, eles moravam longe e eu estava rodiado de irmãos por aqui, não fazia diferença. É feio, eu sei, mas eu era uma criança e nada me convence de que o sentimento por lá não era o mesmo.
Minha indiferença era tamanha que mesmo quando tive a chance de ir conhecê-los, eu não fui. Minha mãe foi até minha casa certa vez e convidou-nos(os três filhos) para passar as férias escolares na casa dela. Minha irmã e meu irmão, mais velhos que eu, aceitaram numa boa, mas eu não. "Quero ficar com meu pai.", eu disse. Mas não me culpo por isso. Pensemos, passei anos convivendo com uma família que consistia em Pai, irmã e irmão, de repente chega uma estranha que quer me levar para conhecer outros estranhos. Eu tinha apenas 11 anos e, a partir daí, minha indiferença começou a transformar-se em repulsa.
Insisto, não tive escolha, e sei bem quem culpar por isso, mas esse post não é para isso.

Mas, nem tudo é treta na minha vida.

Aos 16 anos, para minha alegria, as coisas começaram a mudar nesse aspecto.
Minha irmã mais velha havia "casado" e tido um filho. No aniversário do meu primeiro sobrinho tem início minha revolução familiar. Minha mãe estava lá e, junto com ela, minhas duas irmãs que eu sequer conhecia.
Comecei a conversar com a mais novinha, Grá. Ela não tinha nem dez anos. Eu perguntava o que podia sobre ela, sobre o que ela gostava, sobre a escola. Quando perguntei sobre minha outra irmã percebi o quão distante eu era daquela parte da família. A Grá apontou o dedinho e disse: "Olha ela ali!"
Vi, então, uma garota de cara amarrada, encostada na porta. A aparência não era das melhores, parecia que ela não queria estar ali. Nada convidativo. Não parecia querer conversa, mas mesmo assim lá fui eu tentar umas aproximação.
Fran.
Ela já sabia quem eu era e concordou em dar uma volta pra gente conversar. Acho mesmo que ela só queria sair dali. Mas tudo bem, afinal, foi aí que começou uma das melhores amizades da minha vida.

No ano seguinte precisei fazer uma cirurgia meio complicada, e lá estava ela. Por essa eu não esperava. Fiquei tão feliz que passei pela cirurgia, internação, sem problemas.
Passei a visitar a casa da minha mãe com regularidade. Me aproximei mais daquele lado da família e conheci muita gente, vi que minha família é realmente grande.
A Fran e eu nos tornamos grandes amigos. Conversamos sobre tudo, coisas boas como nossas conquistas, ela até quis me apresentar um namorado dela que ficou todo receoso em conhecer 'O Irmão', e coisas ruins como quando chorei tudo o que sinto em relação às atitudes da minha mãe para comigo ao longo da minha vida, e ela me deu o melhor abraço do mundo, sem dizer um só palavra.

Sei que posso contar com ela e ela sabe que sempre estarei a postos para o que quer que seja que ela precise.
Somos tão próximos que nos confundem com namorados. Nos abraçamos, nos beijamos, nos mordemos(e essa é a melhor parte). Apesar da distância, estamos mais próximos do que nunca.
Amo todos os meus irmãos, mas, dentre eles, a Fran é com certeza minha melhor amiga.

Espero ansiosamente por vê-la de novo.


Te amo Fran!!!


sábado, 24 de julho de 2010

Aceitar

"Sabe aquela frase que você sempre machuca quem voce ama? É o contrário também"
Tyler Durden




É algo díficil. Difícil aceitar as pessoas simplesmente como são. Pois quando até sua família critica destrutivamente seu modo de ser, o mundo parece te abandonar.

É difícil aceitar quem não te aceita.
Dizem que O lixo de uns é o tesouro de outros, isso também se aplica nos quesitos beleza e ridículo.
Difícil entender como podem acontecer certas coisas. Quando você é considerado por alguns como exemplo do que é feio e enxerga o contrário no espelho. Quando ouve comentários de pessoas próximas, te apontando como exemplo do que é mal, caminho errado, porém você é apenas diferente deles. Mesmo sabendo que suas atitudes são boas e procurando sempre fazer o que é certo, o melhor para todos, acaba por aprender a aceitar aquelas pessoas, mesmo com dificuldade, mesmo mergulhado em tristeza, mesmo que tenha que aprender a conviver com a solidão.


Esse tal de altruísmo ainda vai me matar.



Post em homenagem à minha família e toda aceitação que me deram.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Estou cego?

Ontem fui a uma loja comprar uns filmes, dar uma volta pra distrair e sair um pouco do tédio que é ficar dentro de casa. Na volta, sentado dentro do ônibus, comecei a recordar as palavras de uma amiga, que já nem sei se é amiga, pois ela foi morar em outro estado e raramente nos falamos. No entanto, eu estava lembrando dela tentando me animar. Frases do tipo "Você pode reclamar do seu trabalho, ou agradecer por ter um emprego", por aí.
Mas um frase que ela disse em especial me veio a mente enquanto eu olhava pela janela do ônibus e as casas passavam rapidamente lá fora:

"Não dá tudo errado na sua vida, apenas você não percebe as coisas que estão dando certo, pois aquilo que dá errado chama muito mais sua atenção."

Beleza!
Até que faz sentido.

Pensando nisso enquanto o ônibus balançava, fazendo com que eu batesse com a cabeça levemente contra o vidro, decidi tentar enxergar o que estava dando certo e eu não percebia.
Chegando ao terminal, onde eu pegaria o segundo ônibus, vi-o sair pelo outro lado, lógico, sem mim. O próximo só dali a uma hora. Decidi, então, partir para outro terminal onde pegaria outro ônibus que me levaria pra casa.
Entrei no ônibus sentido ao outro terminal e me perguntava:'Onde tá dando certo?
Tempo depois eu estava no outro terminal, olhei o horário e constatei que meu querido 'bus' havia saído a dois(sim, apenas dois!) minutos. Outro só dali a uma hora.
Sim, o transporte público de Jundiaí é um lixo!
Depois de dez minutos eu estava dentro de outro ônibus que me deixaria a 15 minutos a pé da minha casa.
Andando na rua a caminho do lar, a pergunta não saia da minha cabeça: 'Onde tá dando certo?'. Eu realmente estava tentando enxergar.
Ao chegar na esquina da minha rua vejo, quase não acreditando, um ônibus. Olho no relógio, faço uns rápidos cálculos mentais e descubro que aquele ônibus é o mesmo que eu teria pego se tivesse esperado no primeiro terminal.

Insito: Onde é que tá dando certo que eu não estou vendo?

E nem adianta vir com o papo de que eu estou vivo, saúde, andando, etc,pois tudo isso é papo furado para as pessoas se conformarem com suas vidas desgraçadas.
As coisas podiam estar piores? Sim. Mas podiam melhorar também!

Eu não me conformo e vou continuar com as perguntas que normalmente recebem respostas idiotas, infundadas e conformistas.

Eu já escrevi sobre Autoajuda nesse blog, mas vale a pena reforçar:
Enfiem suas frases motivacionais no rabo!!!
Não somos especiais e isso não vai mudar com palavrinhas doces de tapinhas nas costas.

Posso continuar citando exemplos da minha própria vida, mas já estou depressivo o suficiente.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pertencer

"But I'm a creep, I'm a weirdo.
What the hell am I doing here?.
I don't belong here"


Trecho da música Creep - Radiohead.

As pessoas estão sempre me perguntando se eu pertenço a alguma coisa.

Por que eu preciso fazer parte de algo específico? Por que preciso me encaixar?
Ainda procuro uma resposta convincente para essas perguntas.

Sei que há uma busca da maioria das pessoas para serem aceitas. Dizem que é algo da nossa natureza e eu concordo. Por mais que gostemos de fazer coisas sozinhos e não abramos mão de nossa privacidade, sempre estamos cultivando algo para nos socibilizarmos.
Porém, há quem pense(e não são poucos) que exista a necessidade de uma pessoa frequentar determinado ambiente, com determinadas pessoas e seguir o que esse grupo em especial rege. Fazer parte de uma tribo urbana, de um religião, um grupo seleto de amigos que curtem as mesmas coisas e agir da mesma maneira que seus companheiros.

Pergunta: Por que???

Antes que algum imbecil venha me dizer que o ser humano é um animal que vive em grupos, e é da nossa natureza buscar compania, e em tal livro está escrito que não nascemos para ficar sozinhos, entenda: tudo isso esclarece o motivo pelo qual há a busca por ser aceito, mas não é motivo para fazer essa busca, restringindo caminhos, selecionando pessoas e fechando-se num mundinho de seres que procuram de maneira desesperada tornarem-se iguais entre si e diferente dos outros.
As pessoas estão sempre me perguntando se eu pertenço a alguma coisa. Alguma tribo, uma religião, uma ideiologia, um partido ou visão política. Que pergunta mais cretina!

Mas, claro, não são mais cretinos do que os que olham para mim e me rotulam de alguma maneira. Sim, dizem o que sou só de olhar, sem ao menos perguntar. Já me disseram que sou punk, gótico, roqueiro, skinhead, emo, gay, extremista, comunista, direitista e por aí vai. Bateram o olho em mim e já disseram. Sinto se eu estiver errado, mas isso não é muita prepotência? Alguém acha que sabe algo sobre você só de olhar?

Sim, existem muitas divisões e subdivisões na nossa sociedade e a maioria das pessoas, se não estão inseridas nelas, estão tentando a aceitação.

No entanto isso não é unânime. Há quem não queira se encaixar. Há quem não queira modelar-se para ser aceito. Há que queira ser como é. Isso não significa necessariamente que queira ficar sozinho o tempo todo. Só que não pertence a um grupo específico.

Eu não posso me rotular assim tão facilmente. Não consigo seguir tudo o que manda deteminado grupo. E nem posso odiar alguém simplesmente por ser diferente de mim, como acontece na maior parte do grupos. Nunca fui bom em seguir modelos, ídolos ou regras. No máximo eu sigo a parte que eu concordo de certa visão política ou religiosa, ou insiro no meu estilo de vida algo que achei legal em tal tribo. Mas é muito difícil seguir, gostar, concordar com tudo que outro lhe impõe. E eu seria muito hipócrita se fingisse isso só para ser aceito.

Você pode me achar um verme.
Sim, eu sou um esquisitão.
Não sei o que estou fazendo aqui.
Não pertenço a isso.

E não preciso pertencer.