domingo, 1 de novembro de 2009

Conflito de gerações

Meu, tava aqui pensando, mas o que há com as pessoas?
Nada nunca está bom o suficiente.
Eu, como a maioria das pessoas, adoro música. Sempre estou escutando algo e procurando músicas legais pra ouvir.
Semana passada uma mulher(um pouco mais velha) que trabalha comigo me perguntou o que eu estava ouvindo.
Passei um fone pra ela, era uma música nova de uma banda recente.
Ela não gostou. Disse que era só barulho e que as músicas de hoje são só isso mesmo.
Tudo bem, gosto é gosto.
No dia seguinte eu levei uma música antiga, mas na versão de uma banda nova. A mulher adorou, falou que o novo arranjo ficou muito bom, mas completou com "as músicas que vocês curtem hoje nós já curtíamos muito antes, vocês só sabem copiar"

Opa!

Assim fica difícil uma convivência saudável.
Se criamos algo novo, não presta.
Se nos deixamos influenciar por nomes consagrados ou seguimos uma linha já existente, estamos copiando.
Será que o jovem não faz nada certo?
Será que não existe capacidade na juventude para realizar algo de boa qualidade?

Uma frase: Cada geração se considera mais inteligente que a anterior e mais sábia que a posterior.
Disso surgem frase que sempre iniciam-se por "No meu tempo...", "O jovem de hoje...". Com isso vangloriam-se do tempo maravilhoso que viveram na juventude e distribuem impropérios sobre os tempos atuais.
Vamos com calma.
As coisas mudam com o passar do tempo, mas só por que é diferente não significa que é pior, nem melhor, só é diferente.
Há muitas coisas boas que surgiram com o passar do tempo, coisas ruins também. Vamos analisar caso a caso, e não generalizar tudo. Afinal, quem faz o mundo são as pessoas, seus pais fizeram o mundo maravilhoso em que você nasceu e cresceu, se o mundo dos seus filhos não está bom a culpa é de quem?
As pessoas modificam o mundo, a sociedade é composta por pessoas.
Eu nasci num mundo construído por meus pais, se ele não é o mundo ideal, não posso ser culpado, sou responsável pelo que faço agora e pelo mundo que construirei para meus filhos e gerações futuras.
O jovem não precisa ser reprimido, precisa de conhecimento. Com isso, ele mostra do que é capaz.
Pense.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aos revolucionários

Se pudéssemos começar a construir mesmo enquanto queimávamos...
Se pudéssemos plantar enquanto destruíamos...
Nossa terra era terra, não a ideia, mas terra plantada com milho paras as famílias comerem. Liberdade, não uma palavra, mas um homem sentado na frente da sua casa a noite. Paz não é um sonho, mas tempo pra descansar e bondade.
A pergunta está em minha cabeça:
Uma boa coisa pode sair de um ato mal?
A paz pode sair de tanta matança?
A bondade pode finalmente vir de tanta violência?
Um homem cujo os pensamentos nascem da raiva e do ódio, pode esse homem levar a paz e governar em paz?
Eu não sei
Esta terra é de vocês, mas devem protegê-la. Não será por muito tempo se não a protegerem. Se necessário com suas vidas e seus filhos com as vidas deles. Não esmoreçam com os inimigos, eles vão voltar. E se sua casa for queimada, construa outra vez. Se destruírem seu milho, replantem. Se seus filhos morrerem, gerem outros. Se os expulsarem do vale, vivam junto das montanhas, mas vivam!
Andaram sempre procurando líderes. Homens fortes, sem defeitos, não há nenhum. Só há homens como vocês.
Eles mudam, eles desertam, eles morrem. Não há líderes, mas vocês. E um povo forte é a única foça duradoura.
Viva Zapata!!!

domingo, 27 de setembro de 2009

Preconceito

Meu, tava aqui pensando nos conflitos gerados pelas diferenças que existem entre nós.
Há muita discussão sobre preconceito racial, de gênero, de classe social, etc. Mas pouco fala-se em soluções efetivas para o problema, pois não há preocupação com o preconceito em si e sim com o preconceito contra alguns grupos específicos da sociedade, como negros, índios, homossexuais, e tals.
Vejo uma supervalorização desses grupos de forma que ultrapassa os limites da igualdade de direitos. Um exemplo disso é que alguém dirá que não posso escrever esse texto.
Um negro se orgulha de ser negro e fica lindo na TV.
Um branco se orgulha de ser branco e é considerado racista.
Parada do Orgulho Gay é destaque todo ano, alvo de elogios e tals, mas não pode-se dizer 'Eu sou hetero!' em voz alta, é taxado o preconceito, imagine uma Parada Hetero?
Impossível não falar da 'cotas', um dos maiores atos de racismo que eu já vi.
Os vestibulares, por exemplo, nesse país, são meios de seleção onde o que importa é o seu conhecimento e não a cor da sua pele. Mesmo assim são impostas cotas, uma ajudinha ao cidadão negro ou índigena para inressar na universidade.
RACISMO!!!!
Esses cidadãos não são incapazes, não são inferiores e não precisam dessa esmola. Podem estudar e passar no vestibular tranquilamente sem essa ajuda medíocre.
Milhares de pessoas brancas são pobres, estudam em escolas públicas e passam as mesmas dificuldades que negros e índios pobres. Então as chances tem que ser iguais. As ajudas tem que ser iguais.
Mas é mais fácil maquilar o problema impondo cotas do que investir na educação de base.
Num país miscigenado como o nosso não pode-se dividir tudo e preto e branco.
Eu, por exemplo, na minha família há brancos, pretos, pardos, índios. Sou resultado de uma mistura de etnias. Posso me beneficiar dessa 'ajudinha'?
Chega de tanto preconceito.
Chega de direitos especiais.
Quando muda-se a direção da coisa a coisa muda de figura? Não dá.
Se vale de lá pra cá, vale daqui pra lá também.
Se pode camisa 100% negro, pode camisa 100% branco também.
Se pode grupo musical 'Raça Negra', pode grupo 'Raça Branca' também.
Nesse país não deve-se dar importância à cor da pele, pois os miscigenados são maioria.
Somos todos iguais perante a lei.
Todos temos os mesmos direitos e deveres.
Não somos brancos, negros, índios. Somos TODOS cidadãos.

Pense nisso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O "Cara Legal"

Meu, tava aqui pensando num personagem que permeia nossos círculos de amizade.
O "Cara Legal".
Aquele amigo que sempre te faz rir, aquele cara engraçado.
Gostamos mais de conversar com ele do que assistir aos programas humorísticos da TV.
Ele é realmente demais.
Eu mesmo tive um amigo assim.
Mas, sem querer estragar a alegria de ninguém, é preciso ter uma certa cautela com o "Cara Legal".
O "Cara Legal" nem sempre foi o "Cara Legal".
Ele era aquele pivete no canto da sala, que brincava sozinho, tímido, que a galera nem notava que estava ali.
Com o passar do tempo, e esse pivete crescendo, ele percebe que quando está triste todo mundo se afasta. Melancolia e solidão andam juntas.
Então ele faz algo pra ser aceito. Algo alegre e divertido, que todos gostam. Assim, todos gostam dele.
Surge o "Cara Legal".
Cheio de amigos, ele diverte a turma, diz coisas bacanas, é engraçado, o palhaço(no bom sentido) da turma. Todos amam o "Cara Legal".
Há só um problema: no meio de todos os amigos, um não está feliz. O "Cara Legal".
Ele nunca é levado a sério. Todos sempre esperam uma piada dele.
Ele acabou tornando-se a piada.
Ninguém quer saber se ele está com problemas, se está feliz ou triste. Se aproximam dele apenas quando estão afim de dar umas risadas. E afastam-se logo depois.
Ninguém se importa com o "Cara Legal", só com as coisas legais que ele fala e faz.
Ninguém o leva a sério.
Sua vida continua solitária, só que agora todos riem.
Menos ele.
Então, ele se cansa dessa merda e refugia-se em casa. Esconde-se. Some.
Talvez chore.
E todos pasmam quando recebem a notícia de que ele está fazendo um tratamento contra a depressão.
Talvez passe a experimentar diversas drogas.
E todos duvidam de que o corpo sendo velado naquele caixão é o dele. Ninguém imaginava que o "Cara Legal" enxergasse o suicídio como uma saída.
Nínguém imaginava, pois ninguém enxergava realmente o "Cara Legal".

Você tem um amigo assim?
Ele não anda meio sumido, anda?
Pense!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Não pare


Sei que as vezes a realidade
parece uma puta mal paga,
mas as coisas acontecem na verdade
das atitudes exploradas


A vida é uma prostituta
pronta a se entregar
ávida e loucamente
ao primeiro que chegar

Então saia da frente do espelho,
olhe além dos corpos, coração.
Veja que auto aperfeiçoamento
não passa de masturbação

Que só você pode mudar seu mundo.
Viva cada dificuldade, esqueça os atalhos
Sim, podemos ser amigos, se me deixar tentar,
agora que sabe o pouco que valho

Experimente a vida
e me deixe estar com você também.
Ouça o que eu digo,
não ouça ninguém

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Aparências

Meu, tava aqui pensando no dia em que comecei no emprego que estou atualmente.
Foi um dia interessante, produtivo. Comecei um aprendizado e recebi várias orientações sobre como proceder naquele novo ambiente.
Uma dessas orientações é o que me chama atenção agora. Me disseram que eu devia manter uma “boa aparência”.
Pergunto: mas que diabos é uma “boa aparência”?
Cabelo cortado, alinhado e bem penteado?
Barba feita, escanhoada?
Terno e gravata ou uma camisa bem passada com calça social e sapatos engraxados e lustrosos?
Esse é um perfil comum em ambientes bancários e escritórios de advocacia, mas magine se um vendedor numa loja de artigos esportivos te atendesse vestido dessa maneira. Estranho, no mínimo.
Ou ainda se você trabalhasse num frigorifico ou como metalúrgico, tal vestimenta seria um tanto quanto desconfortável.
Mas antes que alguém me venha com a bobagem de que cada lugar exige um traje adequado, quero expressar meus sinceros protestos à arbitrariedade dessa política de imagens.
Qual a utilidade real disso?
Vamos voltar no tempo.
O homem inventou as roupas para aquecer-se (Teoria evolucionista) e para cobrir sua nudez (Teoria Criacionista), o que é uma coisa inútil, pois todos sabemos o que existe embaixo das roupas uns dos outros. Porém, com o passar dos séculos, o surgimento das civilizações e do dinheiro, surge também as diferenças sociais, pois quem tem mais dinheiro, tem mais poder sobre os outros. E para demonstrar esse poder o homem passa a comportar-se de maneira distinta dos demais. Assim ele inventa um modo próprio de se vestir, de maneira tal que todos possam distingui-lo daqueles que não tem a mesma riqueza material que ele.
Hoje a tradição ainda é seguida. E nos ramos laborais recebe o nome de “boa aparência”.
Quero meus funcionários agradáveis ao olhar da sociedade para que a sociedade veja com bons olhos minha empresa e não repare no serviço de merda que eu presto à ela.
Uma sociedade onde você não precisa 'ter', mas apenas 'parecer ter'. E onde esquece-se do que é realmente importante, SER.
Preocupa-se com as imagens e esquece-se das virtudes.
Se a tarefa realizada exige um traje especial por segurança, higiene, tudo bem.
Mas exigir que os funcionários vistam-se deste ou daquele modo, cortem aquele cabelo que demorou anos pra crescer e deu um puta trabalho pra cuidar, abandonem brincos e piercings, privem-se de tatuagens(o que é muito pessoal), sendo que nada disso interfere de maneira alguma no trabalho a ser realizado por ele, é arbitrário, enganador, jogo sujo.
Ao invés de fazer essa maldita maquilagem e continuar nos enganando, devemos educar nossos olhos a ver o realmente importa.
Ele faz o serviço direito? Está contratado.
Não faz? Está demitido.
Posso ir a um banco e ser atendido por alguém de bermuda e regata.
Ou por um engravatado na loja de artigos de surf. A escolha do vestuário é de cada um.
Cada um que escolha sua própria “boa aparência”.
Agora vou aproveitar que não estou no trabalho e recolocar meus piercings, afinal eu fico ótimo com eles.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Auto-ajuda

Meu, tava aqui pensando sobre uma febre que toma lugar cada vez maior nesta nossa sociedade um tanto quanto carente e necessitada de ombros amigos.

Nesse mundo de estofados de velcro em frente a televisores com ‘trocentos’ canais, conversas ao telefone, MSN e Orkut, sobre os temas ícones de nossa geração, como desgraças do mundo, novela e sexo (ou ausência dele), onde as grandes realizações de um ser humano são um carro popular ou uma moto na garagem e uma grana pra tomar uma ‘gelada’ no fim de semana, o fenômeno denominado FRACASSO tem se tornado comum na vida das pessoas. Seja na vida social, familiar ou profissional.

Por conta deste fato, aumenta a busca por um conforto maternal. Neste contexto a Auto-ajuda se impõe.

Uma forma que a pessoas acharam para aceitar suas infelicidades e, assim, ficarem satisfeitas com aquilo que são.

É a expressão do conformismo. Uma maneira menos dolorosa de abraçar essa vida que ninguém quer. Disso surgem frases como ‘podia ser pior’, ‘o importante é que estou vivo, com saúde’.

Auto-ajuda aponta em você motivos que exaltam exageradamente a simplicidade, as coisas pequenas e fáceis de conseguir. Assim você se sente realizado por não conseguir nada de mais.

Em uma palavra: Ilusão.

Ilusão da felicidade.

Ilusão do conforto.

Da segurança, da vida melhor.

Com a auto-ajuda você diz “eu sou especial”, “todos são especiais e únicos”.

Isso significa que ser ‘especial’ já não é algo TÃO especial assim. Então, você não é especial.

Não se iluda.

Você é mais um na multidão. E a única coisa que te faz um ser único é o fato de que todo o caminho que você traçou ao longo da sua vida repleta de experiências já vividas por outros, foi feito em época, tempo e ângulo específicos.

Então veja que tudo o que essa terapia fez foi tirar de você a ambição e a força de vontade para melhorar suas condições de existência.

Pois se eu digo que estou mal, alguém me convence que estou bem, eu continuo mal e, por acreditar nesse alguém, não tento mudar, consequentemente, não melhoro.

Pra concluir: você não é especial, e nada vai acontecer se você não se mexer e tirar essa sua bunda preguiçosa do sofá. Pois, se podia estar pior, podia estar melhor também. E afinal, você está vivo e saudável pra quê?

As mudanças que você quer só se realizarão por seu próprio esforço.

Conformismo é uma ilusão.

Auto-ajuda não presta.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Levanta, meu irmão!

Meu, deixa eu te perguntar
Até quando você vai levar
Essa vida de coitado conformado
Não quero lhe dar nenhum sermão
Mas sei queno seu coração
Há força para mudar o seu estado

Meu, como pode ver o mundo,
Ver esse cenário imundo
E consegue não se revoltar
O planeta está tão triste
E você ainda insiste
Em fechar os olhos pra não enchergar

Meu, se da dificuldade
De lutar com a realidade
Mas saiba, ainda estou aqui
Ao seu lado pra mudar
Esse mundo e tornar
A ver a humanidade mais feliz

Meu, tento te convencer
A ir à luta pra vencer
E você diz: "podia estar pior!"
Mas não quero ser assim
Não quero uma vida menos ruim
Quero ver o mundo bem melhor

Meu, esqueça um pouco a TV
Ela não lhe deixa crescer
Levante e faça algo de verdade
Seu carro não é parte de você
Não precisa 'comprar' pra ser
Alguém atuante na sociedade

Meu, para ser um cidadão
Não é preciso ter na mão
Futilidades pra dizer que tem
O mundo é muito maior
Vamos fazê-lo melhor
Esqueça o "ter" e pense em "ser" alguém.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sair à caça

Meu, tava aqui pensando sobres os locais e eventos de lazer que podemos desfrutar em nossos dias.
Baladas, haves, shows, teatro, cinema, sem falar nos passeios gastronômicos.
Há uma variedade imensa de lugares pra gente se divertir.
Locais de todo tipo, gostos variados, pra tido tipo de gente.
Porém uma coisa uma coisa em comum em todos esse universo cheio de opções: o intuito!
Isso mesmo, o motivo pelo qual o indivíduo deixa o conforto de seu lar e dirige-se a esses locais.
O objetivo é um, e apenas um: encontrar um parceiro.
Um parceiro pra namorar, uma compania para a noite, ou até mesmo só pra dar um amasso.
Há quem diga que não. Que não sai de casa pensando nisso.
Até acredito, pois é algo que tornou-se automático.
Ninguém sai mais pra dançar.
Ninguém sai mais pra ouvir música ao vivo.
Tudo é apenas pretexto pra conhecer e ficar com alguém.
Como na música da Velhas Virgens "tudo o que a gente faz é pra ver se come alguém".
Realidade na cara de todo mundo.
Mas, apesar de achar isso um desperdício de vida, pois a vida vai além de sair por aí pegando todo mundo, cada um que faça o que quiser. Eu pouco tenho a ver com a privacidade das pessoas. Todos podem escolher seus rumos e como levar seu barquinho nessa maré que chamamos existência.
Porém, uma coisa me aborrece. Será que posso achar isso um desperdício???
Quero sair só pra escutar música, dançar, assistir seja lá o que for, de vez em quando, sem ser questionado sobre quantas bocas eu beijei noite adentro.
Quero a liberdade de me divertir e curtir o lugar se nenhuma lígua na minha boca que não seja a minha.
Quero poder escolher.
Eu quero dirigir minha vida sem ninguém nas minhas costas.
Claro que algum espertinho va i dizer que isso é papo de quem não "pega" ninguém, de quem tá na seca.
Tudo bem. Eu respeito seu direito de pensar a bobagem inútil que quiser.
Mas, quero liberdade de escolha. Por favor, não tentem moldar minha pobre vidinha, afinal, a sua não é exemplo pra ninguém.

domingo, 30 de agosto de 2009

Esolhas

Meu, tava aqui pensando...
Como as coisas acontecem, como a vida toma rumos diferentes partindo de uma escolha, um movimento ou se simplesmente não fizermos nada.
É incrível pensar nisso. Uma quantidade infinita de caminhos a serem seguidos e tudo depende de nós. Podemos ganhar ou perder muito nesse joguinho, mas percebi que podemos mudar, voltar e fazer novas escolhas.
Eu estava na Virada Cultural de São Paulo. Aliás, muita gente estava, e no meio da multidão, meu grupo de amigos se espremia e se embebedava.
Nesse grupo eu já conhecia quase todo mundo, apenas duas das garotas foram me apresentadas naquele dia. Uma delas me interessou. Era bonita (eu sei, homens são uns safados, primeiro veem se a moça é bonita depois qualquer outra coisa, mas fazer o que? é a primeira informação que nós temos), parecia o tipo de pessoa que não se importava com o que os outros pensam dela, falava o que queria e agia como queria. Emanava um certo ar de independência, mas sem ser arrogante. Elisângela, vulgo Lee. É ela fazia meu tipo.
Porém nessa noite eu estava numa situação especial. Minha amiga Jú havia terminado o namoro e estava muito frágil por ainda gostar do cara e tal. Me custou muita saliva pra convencê-la a sair de casa naquela noite. Então eu não poderia deixá-la de lado pra tentar uma aproximação com a Lee.
Quase mordi o cotovelo pensando em por que a Lee não apareceu outro dia, numa outra noite, outro lugar. Mas a realidade era dura, fria e cruel com esse coraçãozinho sofredor, ela estava lá, ou melhor, ali, do meu lado e eu fazendo o papel de grande herói protetor das amigas de coração ferido (ai meu Deus!).
A noite corria bem, as apresentações musicais estavam divertidas, a conversa com os amigos, tudo legal. A escolha era minha, podia continuar ali de mãozinha dada com a Jú, tentando fazê-la se divertir pra esquecer um pouco o ex-namorado, ou tentar aproximar-me da Lee e deixar a Jú um pouquinho de lado, afinal ela conhecia outras pessoas no grupo. Escolhi a primeira opção (que aperto no coração!). Fiquei ao lado da Jú a noite toda, acompanhei-a até sua casa e caminhei em direção a minha pensando que não veria mais a Lee.
Será que fiz a escolha certa?
Certo ou errado, estava feito. Não havia como voltar atrás. Ou havia?
Não posso fazer o tempo voltar, mas ainda posso mudar o rumo da história, ao menos desta.
Quis reencontrar a Lee e reencontrei. Ao conhecê-la de perto percebi o quanto perderia se tivesse me contentado em apenas ser um amigo leal, e deixado meus próprios desejos de lado.
Jú, minha protegida, voltou com o namorado e, para minha decepção, se afastou de mim, há tempos não tenho notícias.
A Lee, ainda estou conhecendo, não sei até quando.
Sei, agora, que a decisão dos rumos a serem tomados é minha e a responsabilidade também.
E tenho a escolha de mudar tudo.
Resumindo: não importa o que acontecer, a culpa é sempre minha.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Amor de mãe


Meu, tava aqui pensando...ouço muito falar nesse tal amor de mãe.
Um amor insubstituível.
Amor maior.
É comum ver presidiários com a frase “Amor só de mãe” tatuada em seus corpos.
Algo divino, acima de todos os outros sentimentos.
Mas, minha mãe jamais me amou assim.
Ela me rejeitou a vida toda e, ainda hoje, me trata diferentemente dos filhos de seu segundo casamento.
Por muito tempo pensei ter sido privado desse amor.
Mas amor de mãe nem sempre vem das mães.
Vem de pais, avós, irmãos, tios, padrinhos, de desconhecidos distantes que se esforçam pra te dar uma ajudinha na vida.
Pra mim esse amor vem do meu pai, a melhor mãe que eu poderia ter.

Então, se liga, pois mãe não é necessariamente sinônimo de amor, bondade, numa paisagem de borboletas passeando no jardim.

As pessoas que mais te amariam no mundo, você ignora sem saber.

Pense.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Merda acontece

Meu, tava aqui pensando...
Azar é foda.
Lição: quando o dia começa mal, volte pra cama e durma até o próximo dia.




Dia 31 de dezembro de 2008.
Combinei com meu amigo Carlos ir passar a virada do ano na praia do Guarujá. Pra ficar mais barato resolvemos ir de trem de Jundiaí até a Estação da Luz em São Paulo, de lá pegar o metrô até a Estação Jabaquara e pegarmos um ônibus até o Guarujá.
Tudo combinado, mochilas nas costas, bebidas e um violão pra animar.
Vamos pegar o trem das 8h, acordo às 6h, preparo tudo direitinho e me dou conta que estou sem grana. Tudo bem, é só passar no banco no caminho pra estação. Corro um pouco e chego na hora marcada.
Entramos no trem, conversa legal, fones de ouvido pra curtir um som, baldeação em Francisco Morato normal, entramos no último vagão do trem. Tinha bastante gente pra uma véspera de feriado, sentamos no chão encostados ao fundo do vagão.
Comentando sobre as músicas que estávamos ouvindo, reparamos em duas moças bonitas que estavam na nossa frente. Imagine dois cachorros no cio pagando um pau para as únicas minas bonitas no trem. Como homem fica idiota na frente de mulher.
O trem pára na Estação Perus, um policial passa olhando pelo lado de fora da janela, uma mulher toca meu ombro e pede pra que eu levante, levantamos os dois, o policial entra com cara de quem está morrendo de vontade de estrear o cacetete novo ou quer lustrar o coturno nas costelas de alguém.
Silêncio no trem.
Só uma voz: "Desce, os dois!"
Sim, era o policial.
Sim, era com a gente.
Vamos obedecer o "homem da lei". Pegamos as mochilas, o violão e descemos do trem.
Na plataforma colocamos as coisas no chão e aguardamos, já cercados por uns seis ou sete homens fardados.
O policial nos manda encostar na grade da plataforma.
Pegamos as coisas do chão, olho para a cara do meu amigo, ele está furioso(detalhe: Carlos tem passagem na polícia por agressão a um policial, nessa hora sim eu gelei) e encostamos na grade.
"De frente pra grade!!" - o policial parecia cada vez mais irritado.
Mãos na grade, naquela posição desagradavelmente frágil, tomar uma geral não estava nos planos, mas...algo estranho...nenhum dos policiais veio nos revistar.
Pensamento na hora: 'estão esperando o trem partir, por que será?...
...ai meu lombo!'
O trem parte, lá vem eles, começa a revista, abrem todos os bolsos da minha bermuda super-útil com tantos bolsos que a mochila era até dispensável.
Enquanto passam as mãos pelo meu corpo fazem algumas perguntas que nem dá pra acreditar.
Policial: Tem passagem na polícia?
Minha resposta: Não.
Meu pensamento: 'Sim, claro, por matar um militar'
Policial: Curte um beck?
Minha resposta: Não.
Meu pensamento: 'não, curto uma pedra, tem alguma aí?'
Policial: Você não tá armado não né?
Minha resposta: Não.
Meu pensamento: 'claro, tenho um fuzil AR-15 aqui no bolso'.
Reviram as mochilas, olham até dentro do violão, constatam que não há nada irregular.
Perguntas padrão, "vindo de onde? indo pra onde?"
Então surge entre os fardados um Simpático, com frases do tipo "vão curtir uma praia então", "tocam violão?, "também curto", "Legião, Nação Zumbi". Enquanto só estavam babando pra descer a porrada na gente tava bom.
Fomos liberados.
Resolvemos não esperar por outro trem perto dos policiais(lógico).
Nos afastando para o outro lado da plataforma, quem está lá assistindo a gente tomar geral?
Lembra das moças bonitas dentro do trem?
Entramos no trem seguinte.
Alguém já reparou nas cruzes pretas e invertidas que enfeitam os muros da ferrovia no trecho Francisco Morato-Barra Funda?...Macabro!
A viagem continua num clima animado.
Passamos pela bela Estação da Luz, pelo confortável Metrô Linha-Azul, chegamos a Estação Jabaquara.
Pensa num lugar que tem gente!
Acho que muitas pessoas tiveram a mesma idéia brilhante que a gente.
Fomos direto ao guichê comprar as passagens de ônibus para o Guarujá.
Fila...
Paciência...
Conseguimos.
O ônibus sairia em meia hora, então fomos forrar o estômago. Uma lanchonete aberta, muita gente com fome, resumindo: fila...paciência...consegui. Mas Carlos não.
Pensa num cara embassado.
O cara não sabia o que comer. Pensa, escolhe, muda de idéia. E minha paciência indo pros cafundó.
Tempos depois estávamos comendo, sentados na escadaria da estação, esperando a meia hora passar. Passou.
Nos dirigimos à plataforma de embarque e qual foi minha surpresa?
O ônibus estava lá. Lindo. Imponente. Com a palavra Guarujá escrita em azul no painel luminoso na frente.
Nos aproximamos depressa e qual não foi a minha surpresa?
Não era nosso ônibus. Esse devia ter saído há quinze minutos. Consequentemente, o nosso atrasaria também.
No ônibus, contentes e animados, resolvemos cantar uma canção. Começamos baixinho, só pra gente, mas a música é uma coisa que agita nosso coração, e as mãos dos Carlos também. O cara começou a batucar na poltrona da frente. A mulher que a ocupava se levantou e quase deu porrada na gente. Povinho estressado!
É impressionante a quantidade de pessoas que descem a serra nos feriados.
Nesse dia não foi diferente e, enquanto meu amigo discutia com sua mãe ao celular tentando convencê-la de que a tinha avisado que iria ao Guarujá, eu me distraía vendo a paisagem e o trânsito.
Na praia, depois de tirar a roupa na rua mesmo, resolvemos fixar-nos perto de algum quiosque, barraca, qualquer lugar com sombra onde pudéssemos bebericar.
Nos instalamos debaixo de um guarda-sol armado por um comerciante local e começamos a diversão.
Cerveja, porção, caipirinha e meu camarada tira da mochila um litro de vinho quente e seco.
Começa a mistureba.
Resolvi que aquele vinho não ía cair bem no meu estômago, então evitei sorver aquela coisa maligna.
Já a esponja que me acompanhava não sossegou enquanto não teve certeza que o fundo da garrafa estava bem sequinho.
Muitas risadas, um pulo no mar pra salgar a carcaça, mais cerveja, mais caipirinha, e percebo uma certa alteração no comportamento do meu amigo.
Pra ser sincero, Carlos já estava virado no diabo. Chapado de acordo mesmo.
Algumas moças bonitas no guarda-sol ao lado e o galanteador pudim de pinga entra em ação.
Ainda bem que elas eram educadas e preferiram brincar jogando areia umas nas outras a dar atenção ao pé-de-cana.
Eu simplesmente fiz meu papel de amigo e fingi que não conhecia aquele pobre infeliz.
Mas não deu muito certo, Carlos insistia em falar para as garotas que ele e "seu amigo" iriam cantar e tocar violão ali mesmo mais tarde.
Eu só podia assentir calado, com a cara cheia de vergonha.
As moças resolveram fazer tatuagens de hena.
"Sou o próximo!" - adivinha quem era.
Tudo bem.
As moças até foram embora. E, enquanto o garoto fazia a tatuagem no braço do Carlos, esse simplesmente apagou.
Deitou na areia e dormiu. Chapado.
Duas e meia da tarde. Um sol de rachar. Praia lotada. E um corpo adormecido, torrando na areia.
Já que eu não podia mais sair dali para não correr o risco de alguém abusar daquele ser que se transformava em camarão, fiz a única coisa que se pode fazer nessa situação: cerveja e caipirinha pra dentro.
Descobri que as pessoas não são tão egoístas assim, algumas se preocupam com o próximo.
Uma família passou, viram Carlos e uma senhora perguntou se ele era meu amigo, respondi que sim e ela me alertou que ele estava respirando areia, eu só disse um "tudo bem".
Muitos viram e começaram a rir, eu procurava abrir um sorriso e ser simpático.
Um senhor me perguntou se ele estava bêbado, eu nem respondi.
Passou um trio gay bem animado: " Ai, que bonitinho, tá bêbado, vamos levá-lo?"
Minha resposta idiota: "Deixa ele aí, ele está comigo". Se foram rindo.
Carlos já dormia há três horas. Fiquei de saco cheio e tentei acordá-lo. Sem sucesso, apelei, comprei uma água bem gelada e disse que se ele não levantasse eu lavaria aquelas costas vermelhas dele. Levantou na mesma hora meio cambaleante.
O cara era areia de cima a baixo.
Então, amigo que sou, mandei ele dar um pulinho no mar pra tirar aquela areia que não sai nunca. Bêbado como ele estava e estressado como eu estava, sim, mandei ele pra morte. Só me toquei disso quando ele já estava na água tombando de um lado para o outro. Vigiei de longe, pra não sentir remorsos depois.
Ele voltou, pagamos a conta e fomos caminhar.
Mas eu fiquei o dia todo naquele calor, bebendo, o sol trincando o jiló de todo mundo.
Ao fim do dia não podia acontecer outra coisa. Fui acometido por uma dor de cabeça, como se meu cérebro quisesse alcançar a liberdade escapando pela minha nuca.
O melhor seria fugir daquele lugar.
A muito custo convenci Carlos a sairmos do litoral.
Na rodoviária descobrimos que o ônibus para São Paulo só sairia dali a quatro horas, então surgiu um transporte alternativo. Um cara disse que nos levaria para a capital por um precinho camarada.
Eu estava mal mesmo, fazia qualquer coisa pra sair dali. Falei para o Carlos que fosse no banco da frente e ficasse atento. O cara podia nos levar para uma emboscada, se ele entrasse numa rota estranha a gente baixava a porrada nele. Estávamos em dois, ele sozinho.
Subindo a serra olho para o meu amigão e constato que ele dorme como um bebê.
Mas o cara era honesto, nos levou até a Estação Jabaquara, pagamos e ele se foi.
Aproveitando o banheiro limpíssimo do lugar, meu camarada não perdeu a oportunidade, me avisou que ía largar um cabo de marreta por lá, enquanto isso eu esperava vendo os corredores da estação esvaziarem, afinal, era véspera de um novo ano.
Acho que Carlos aproveitou aquele minutos de reflexão para pensar no fazer com o resto do nosso feriadão. Quando saiu me falou que vários amigos dele estariam na Avenida Paulista naquela hora, que seria legal irmos pra lá.
Com toda a animação que me restava falei pra ele que eu iria pra Jundiaí mesmo, que estava mal de verdade, ele falou que não dava pra ele ir comigo, então eu disse pra ele ir encontrar os amigos dele na Av. Paulista, não havia problema nisso, pra ele curtir a virada de ano. Aí ele me deu um abraço, me desejou um feliz ano novo e seu foi.
Lá vou eu, dessa vez sozinho, caminhando pelas estações do Metrô. Claro que eu não iria de trem, fui em direção à Estação Terminal Tietê, pegar o confortável ônibus da viação Cometa.
Comprei a passagem sem problemas, até cheguei a pensar que o azar havia ficado para trás no lombo do Carlos.
Eu só pensava em sentar minha bunda na macia poltrona do ônibus e voltar ao lar pra me sentir um ser humano de novo. Eu estava só o farelo.
O bilhete mostrava que o, insisto, CONFORTÁVEL Cometa só sairia dali a meia hora.
Uma sede já me estrangulava a garganta, então procurei algum lugar onde pudesse comprar algo para me hidratar. Mas era 31 de dezembro, o comércio costuma fechar nesse dia.
Bendita seja A Casa do Pão de Queijo, o único estabelecimento funcionando na região. E, por ser o único, uma fila enorme anda vagarosamente em frente.
Quando consegui chegar ao balcão só o que havia para beber era refrigerante diet. Eu não estava podendo escolher, mandei pra dentro. Quando olhei no relógio do terminal, percebi que passei exata meia hora na fila. O ônibus devia estar saindo naquele instante.
Imagine um cara torrado de sol, de bermuda e chinelo, areia grudada em suor pelo corpo, mochila e violão nas costas (detalhe: o violão não saiu da capa todo esse tempo), correndo pelo Terminal Tietê quase vazio, pois a maioria das pessoas estavam na fila dos passa-fome.
Corri à toa. O ônibus atrasou.
Entrei no ônibus, me sentei deliciosamente na poltrona, terminei de saborear meu refrigerante com sabor de remédio vencido e relaxei. Relaxei demais.
Pensei em descer num ponto na Anhanguera perto da Faculdade Anchieta, dali andaria poucos minutos até minha casa. Mas o Cometa parece um bercinho. Dormi gostoso e quando abri os olhos estava exatamente em frente a Faculdade, porém já partindo sentido norte da rodovia. Tínhamos parado no meu ponto, alguém desceu e eu dormindo.
Tudo bem, dizem pra gente sempre ver o copo meio cheio. Sejamos otimistas.
Pensei: na rodoviária passa a linha de ônibus 968, vai me deixar na esquina da minha rua. Melhor ainda.
Na rodoviária percebi que já passava da 23h, com receio que não houvesse mais linha 968 por causa do feriado resolvi peguntar a um motorista da linha que leva ao terminal central. Ele "achava que não". Disse que me levaria ao terminal central, lá eu podeira obter certeza.
Incrível, assim que saímos do ponto o Linha 968 passou por nós.
Eu continuava com meu pensamento positivo, no terminal central eu pegaria o Linha 918, me deixaria a cinco minutos de casa.
Assim que desci da minha carona vi o último ônibus sair e o terminal central fechar os portões na minha cara.
A carona já tinha evaporado e eu estava a uma hora a pé da minha casa.
23h30. Sem acreditar muito na realidade dos fatos, joguei a mochila e o violão nas costas e andei vagarosamente em direção ao lar.
Nessa caminhada começo a ouvir fogos de artifício, meia-noite. Vira o ano e eu sozinho e fudido na rua.
Passo pelas casas e as pessoas gritam: "Feliz Ano Novo!".
Eu respondo com toda a educação e animação possível.
Pra acabar de ferrar um motoqueiro passa velozmente a dois centímetros de mim e grita "feliz ano novo". Respondi mandando o safado pra um lugar bem desagradável.
Só cheguei em casa 00h40. Banho rápido e caí na cama antes que acontecesse mais alguma coisa.
Aquele dia tinha que acabar.