segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sair à caça

Meu, tava aqui pensando sobres os locais e eventos de lazer que podemos desfrutar em nossos dias.
Baladas, haves, shows, teatro, cinema, sem falar nos passeios gastronômicos.
Há uma variedade imensa de lugares pra gente se divertir.
Locais de todo tipo, gostos variados, pra tido tipo de gente.
Porém uma coisa uma coisa em comum em todos esse universo cheio de opções: o intuito!
Isso mesmo, o motivo pelo qual o indivíduo deixa o conforto de seu lar e dirige-se a esses locais.
O objetivo é um, e apenas um: encontrar um parceiro.
Um parceiro pra namorar, uma compania para a noite, ou até mesmo só pra dar um amasso.
Há quem diga que não. Que não sai de casa pensando nisso.
Até acredito, pois é algo que tornou-se automático.
Ninguém sai mais pra dançar.
Ninguém sai mais pra ouvir música ao vivo.
Tudo é apenas pretexto pra conhecer e ficar com alguém.
Como na música da Velhas Virgens "tudo o que a gente faz é pra ver se come alguém".
Realidade na cara de todo mundo.
Mas, apesar de achar isso um desperdício de vida, pois a vida vai além de sair por aí pegando todo mundo, cada um que faça o que quiser. Eu pouco tenho a ver com a privacidade das pessoas. Todos podem escolher seus rumos e como levar seu barquinho nessa maré que chamamos existência.
Porém, uma coisa me aborrece. Será que posso achar isso um desperdício???
Quero sair só pra escutar música, dançar, assistir seja lá o que for, de vez em quando, sem ser questionado sobre quantas bocas eu beijei noite adentro.
Quero a liberdade de me divertir e curtir o lugar se nenhuma lígua na minha boca que não seja a minha.
Quero poder escolher.
Eu quero dirigir minha vida sem ninguém nas minhas costas.
Claro que algum espertinho va i dizer que isso é papo de quem não "pega" ninguém, de quem tá na seca.
Tudo bem. Eu respeito seu direito de pensar a bobagem inútil que quiser.
Mas, quero liberdade de escolha. Por favor, não tentem moldar minha pobre vidinha, afinal, a sua não é exemplo pra ninguém.

domingo, 30 de agosto de 2009

Esolhas

Meu, tava aqui pensando...
Como as coisas acontecem, como a vida toma rumos diferentes partindo de uma escolha, um movimento ou se simplesmente não fizermos nada.
É incrível pensar nisso. Uma quantidade infinita de caminhos a serem seguidos e tudo depende de nós. Podemos ganhar ou perder muito nesse joguinho, mas percebi que podemos mudar, voltar e fazer novas escolhas.
Eu estava na Virada Cultural de São Paulo. Aliás, muita gente estava, e no meio da multidão, meu grupo de amigos se espremia e se embebedava.
Nesse grupo eu já conhecia quase todo mundo, apenas duas das garotas foram me apresentadas naquele dia. Uma delas me interessou. Era bonita (eu sei, homens são uns safados, primeiro veem se a moça é bonita depois qualquer outra coisa, mas fazer o que? é a primeira informação que nós temos), parecia o tipo de pessoa que não se importava com o que os outros pensam dela, falava o que queria e agia como queria. Emanava um certo ar de independência, mas sem ser arrogante. Elisângela, vulgo Lee. É ela fazia meu tipo.
Porém nessa noite eu estava numa situação especial. Minha amiga Jú havia terminado o namoro e estava muito frágil por ainda gostar do cara e tal. Me custou muita saliva pra convencê-la a sair de casa naquela noite. Então eu não poderia deixá-la de lado pra tentar uma aproximação com a Lee.
Quase mordi o cotovelo pensando em por que a Lee não apareceu outro dia, numa outra noite, outro lugar. Mas a realidade era dura, fria e cruel com esse coraçãozinho sofredor, ela estava lá, ou melhor, ali, do meu lado e eu fazendo o papel de grande herói protetor das amigas de coração ferido (ai meu Deus!).
A noite corria bem, as apresentações musicais estavam divertidas, a conversa com os amigos, tudo legal. A escolha era minha, podia continuar ali de mãozinha dada com a Jú, tentando fazê-la se divertir pra esquecer um pouco o ex-namorado, ou tentar aproximar-me da Lee e deixar a Jú um pouquinho de lado, afinal ela conhecia outras pessoas no grupo. Escolhi a primeira opção (que aperto no coração!). Fiquei ao lado da Jú a noite toda, acompanhei-a até sua casa e caminhei em direção a minha pensando que não veria mais a Lee.
Será que fiz a escolha certa?
Certo ou errado, estava feito. Não havia como voltar atrás. Ou havia?
Não posso fazer o tempo voltar, mas ainda posso mudar o rumo da história, ao menos desta.
Quis reencontrar a Lee e reencontrei. Ao conhecê-la de perto percebi o quanto perderia se tivesse me contentado em apenas ser um amigo leal, e deixado meus próprios desejos de lado.
Jú, minha protegida, voltou com o namorado e, para minha decepção, se afastou de mim, há tempos não tenho notícias.
A Lee, ainda estou conhecendo, não sei até quando.
Sei, agora, que a decisão dos rumos a serem tomados é minha e a responsabilidade também.
E tenho a escolha de mudar tudo.
Resumindo: não importa o que acontecer, a culpa é sempre minha.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Amor de mãe


Meu, tava aqui pensando...ouço muito falar nesse tal amor de mãe.
Um amor insubstituível.
Amor maior.
É comum ver presidiários com a frase “Amor só de mãe” tatuada em seus corpos.
Algo divino, acima de todos os outros sentimentos.
Mas, minha mãe jamais me amou assim.
Ela me rejeitou a vida toda e, ainda hoje, me trata diferentemente dos filhos de seu segundo casamento.
Por muito tempo pensei ter sido privado desse amor.
Mas amor de mãe nem sempre vem das mães.
Vem de pais, avós, irmãos, tios, padrinhos, de desconhecidos distantes que se esforçam pra te dar uma ajudinha na vida.
Pra mim esse amor vem do meu pai, a melhor mãe que eu poderia ter.

Então, se liga, pois mãe não é necessariamente sinônimo de amor, bondade, numa paisagem de borboletas passeando no jardim.

As pessoas que mais te amariam no mundo, você ignora sem saber.

Pense.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Merda acontece

Meu, tava aqui pensando...
Azar é foda.
Lição: quando o dia começa mal, volte pra cama e durma até o próximo dia.




Dia 31 de dezembro de 2008.
Combinei com meu amigo Carlos ir passar a virada do ano na praia do Guarujá. Pra ficar mais barato resolvemos ir de trem de Jundiaí até a Estação da Luz em São Paulo, de lá pegar o metrô até a Estação Jabaquara e pegarmos um ônibus até o Guarujá.
Tudo combinado, mochilas nas costas, bebidas e um violão pra animar.
Vamos pegar o trem das 8h, acordo às 6h, preparo tudo direitinho e me dou conta que estou sem grana. Tudo bem, é só passar no banco no caminho pra estação. Corro um pouco e chego na hora marcada.
Entramos no trem, conversa legal, fones de ouvido pra curtir um som, baldeação em Francisco Morato normal, entramos no último vagão do trem. Tinha bastante gente pra uma véspera de feriado, sentamos no chão encostados ao fundo do vagão.
Comentando sobre as músicas que estávamos ouvindo, reparamos em duas moças bonitas que estavam na nossa frente. Imagine dois cachorros no cio pagando um pau para as únicas minas bonitas no trem. Como homem fica idiota na frente de mulher.
O trem pára na Estação Perus, um policial passa olhando pelo lado de fora da janela, uma mulher toca meu ombro e pede pra que eu levante, levantamos os dois, o policial entra com cara de quem está morrendo de vontade de estrear o cacetete novo ou quer lustrar o coturno nas costelas de alguém.
Silêncio no trem.
Só uma voz: "Desce, os dois!"
Sim, era o policial.
Sim, era com a gente.
Vamos obedecer o "homem da lei". Pegamos as mochilas, o violão e descemos do trem.
Na plataforma colocamos as coisas no chão e aguardamos, já cercados por uns seis ou sete homens fardados.
O policial nos manda encostar na grade da plataforma.
Pegamos as coisas do chão, olho para a cara do meu amigo, ele está furioso(detalhe: Carlos tem passagem na polícia por agressão a um policial, nessa hora sim eu gelei) e encostamos na grade.
"De frente pra grade!!" - o policial parecia cada vez mais irritado.
Mãos na grade, naquela posição desagradavelmente frágil, tomar uma geral não estava nos planos, mas...algo estranho...nenhum dos policiais veio nos revistar.
Pensamento na hora: 'estão esperando o trem partir, por que será?...
...ai meu lombo!'
O trem parte, lá vem eles, começa a revista, abrem todos os bolsos da minha bermuda super-útil com tantos bolsos que a mochila era até dispensável.
Enquanto passam as mãos pelo meu corpo fazem algumas perguntas que nem dá pra acreditar.
Policial: Tem passagem na polícia?
Minha resposta: Não.
Meu pensamento: 'Sim, claro, por matar um militar'
Policial: Curte um beck?
Minha resposta: Não.
Meu pensamento: 'não, curto uma pedra, tem alguma aí?'
Policial: Você não tá armado não né?
Minha resposta: Não.
Meu pensamento: 'claro, tenho um fuzil AR-15 aqui no bolso'.
Reviram as mochilas, olham até dentro do violão, constatam que não há nada irregular.
Perguntas padrão, "vindo de onde? indo pra onde?"
Então surge entre os fardados um Simpático, com frases do tipo "vão curtir uma praia então", "tocam violão?, "também curto", "Legião, Nação Zumbi". Enquanto só estavam babando pra descer a porrada na gente tava bom.
Fomos liberados.
Resolvemos não esperar por outro trem perto dos policiais(lógico).
Nos afastando para o outro lado da plataforma, quem está lá assistindo a gente tomar geral?
Lembra das moças bonitas dentro do trem?
Entramos no trem seguinte.
Alguém já reparou nas cruzes pretas e invertidas que enfeitam os muros da ferrovia no trecho Francisco Morato-Barra Funda?...Macabro!
A viagem continua num clima animado.
Passamos pela bela Estação da Luz, pelo confortável Metrô Linha-Azul, chegamos a Estação Jabaquara.
Pensa num lugar que tem gente!
Acho que muitas pessoas tiveram a mesma idéia brilhante que a gente.
Fomos direto ao guichê comprar as passagens de ônibus para o Guarujá.
Fila...
Paciência...
Conseguimos.
O ônibus sairia em meia hora, então fomos forrar o estômago. Uma lanchonete aberta, muita gente com fome, resumindo: fila...paciência...consegui. Mas Carlos não.
Pensa num cara embassado.
O cara não sabia o que comer. Pensa, escolhe, muda de idéia. E minha paciência indo pros cafundó.
Tempos depois estávamos comendo, sentados na escadaria da estação, esperando a meia hora passar. Passou.
Nos dirigimos à plataforma de embarque e qual foi minha surpresa?
O ônibus estava lá. Lindo. Imponente. Com a palavra Guarujá escrita em azul no painel luminoso na frente.
Nos aproximamos depressa e qual não foi a minha surpresa?
Não era nosso ônibus. Esse devia ter saído há quinze minutos. Consequentemente, o nosso atrasaria também.
No ônibus, contentes e animados, resolvemos cantar uma canção. Começamos baixinho, só pra gente, mas a música é uma coisa que agita nosso coração, e as mãos dos Carlos também. O cara começou a batucar na poltrona da frente. A mulher que a ocupava se levantou e quase deu porrada na gente. Povinho estressado!
É impressionante a quantidade de pessoas que descem a serra nos feriados.
Nesse dia não foi diferente e, enquanto meu amigo discutia com sua mãe ao celular tentando convencê-la de que a tinha avisado que iria ao Guarujá, eu me distraía vendo a paisagem e o trânsito.
Na praia, depois de tirar a roupa na rua mesmo, resolvemos fixar-nos perto de algum quiosque, barraca, qualquer lugar com sombra onde pudéssemos bebericar.
Nos instalamos debaixo de um guarda-sol armado por um comerciante local e começamos a diversão.
Cerveja, porção, caipirinha e meu camarada tira da mochila um litro de vinho quente e seco.
Começa a mistureba.
Resolvi que aquele vinho não ía cair bem no meu estômago, então evitei sorver aquela coisa maligna.
Já a esponja que me acompanhava não sossegou enquanto não teve certeza que o fundo da garrafa estava bem sequinho.
Muitas risadas, um pulo no mar pra salgar a carcaça, mais cerveja, mais caipirinha, e percebo uma certa alteração no comportamento do meu amigo.
Pra ser sincero, Carlos já estava virado no diabo. Chapado de acordo mesmo.
Algumas moças bonitas no guarda-sol ao lado e o galanteador pudim de pinga entra em ação.
Ainda bem que elas eram educadas e preferiram brincar jogando areia umas nas outras a dar atenção ao pé-de-cana.
Eu simplesmente fiz meu papel de amigo e fingi que não conhecia aquele pobre infeliz.
Mas não deu muito certo, Carlos insistia em falar para as garotas que ele e "seu amigo" iriam cantar e tocar violão ali mesmo mais tarde.
Eu só podia assentir calado, com a cara cheia de vergonha.
As moças resolveram fazer tatuagens de hena.
"Sou o próximo!" - adivinha quem era.
Tudo bem.
As moças até foram embora. E, enquanto o garoto fazia a tatuagem no braço do Carlos, esse simplesmente apagou.
Deitou na areia e dormiu. Chapado.
Duas e meia da tarde. Um sol de rachar. Praia lotada. E um corpo adormecido, torrando na areia.
Já que eu não podia mais sair dali para não correr o risco de alguém abusar daquele ser que se transformava em camarão, fiz a única coisa que se pode fazer nessa situação: cerveja e caipirinha pra dentro.
Descobri que as pessoas não são tão egoístas assim, algumas se preocupam com o próximo.
Uma família passou, viram Carlos e uma senhora perguntou se ele era meu amigo, respondi que sim e ela me alertou que ele estava respirando areia, eu só disse um "tudo bem".
Muitos viram e começaram a rir, eu procurava abrir um sorriso e ser simpático.
Um senhor me perguntou se ele estava bêbado, eu nem respondi.
Passou um trio gay bem animado: " Ai, que bonitinho, tá bêbado, vamos levá-lo?"
Minha resposta idiota: "Deixa ele aí, ele está comigo". Se foram rindo.
Carlos já dormia há três horas. Fiquei de saco cheio e tentei acordá-lo. Sem sucesso, apelei, comprei uma água bem gelada e disse que se ele não levantasse eu lavaria aquelas costas vermelhas dele. Levantou na mesma hora meio cambaleante.
O cara era areia de cima a baixo.
Então, amigo que sou, mandei ele dar um pulinho no mar pra tirar aquela areia que não sai nunca. Bêbado como ele estava e estressado como eu estava, sim, mandei ele pra morte. Só me toquei disso quando ele já estava na água tombando de um lado para o outro. Vigiei de longe, pra não sentir remorsos depois.
Ele voltou, pagamos a conta e fomos caminhar.
Mas eu fiquei o dia todo naquele calor, bebendo, o sol trincando o jiló de todo mundo.
Ao fim do dia não podia acontecer outra coisa. Fui acometido por uma dor de cabeça, como se meu cérebro quisesse alcançar a liberdade escapando pela minha nuca.
O melhor seria fugir daquele lugar.
A muito custo convenci Carlos a sairmos do litoral.
Na rodoviária descobrimos que o ônibus para São Paulo só sairia dali a quatro horas, então surgiu um transporte alternativo. Um cara disse que nos levaria para a capital por um precinho camarada.
Eu estava mal mesmo, fazia qualquer coisa pra sair dali. Falei para o Carlos que fosse no banco da frente e ficasse atento. O cara podia nos levar para uma emboscada, se ele entrasse numa rota estranha a gente baixava a porrada nele. Estávamos em dois, ele sozinho.
Subindo a serra olho para o meu amigão e constato que ele dorme como um bebê.
Mas o cara era honesto, nos levou até a Estação Jabaquara, pagamos e ele se foi.
Aproveitando o banheiro limpíssimo do lugar, meu camarada não perdeu a oportunidade, me avisou que ía largar um cabo de marreta por lá, enquanto isso eu esperava vendo os corredores da estação esvaziarem, afinal, era véspera de um novo ano.
Acho que Carlos aproveitou aquele minutos de reflexão para pensar no fazer com o resto do nosso feriadão. Quando saiu me falou que vários amigos dele estariam na Avenida Paulista naquela hora, que seria legal irmos pra lá.
Com toda a animação que me restava falei pra ele que eu iria pra Jundiaí mesmo, que estava mal de verdade, ele falou que não dava pra ele ir comigo, então eu disse pra ele ir encontrar os amigos dele na Av. Paulista, não havia problema nisso, pra ele curtir a virada de ano. Aí ele me deu um abraço, me desejou um feliz ano novo e seu foi.
Lá vou eu, dessa vez sozinho, caminhando pelas estações do Metrô. Claro que eu não iria de trem, fui em direção à Estação Terminal Tietê, pegar o confortável ônibus da viação Cometa.
Comprei a passagem sem problemas, até cheguei a pensar que o azar havia ficado para trás no lombo do Carlos.
Eu só pensava em sentar minha bunda na macia poltrona do ônibus e voltar ao lar pra me sentir um ser humano de novo. Eu estava só o farelo.
O bilhete mostrava que o, insisto, CONFORTÁVEL Cometa só sairia dali a meia hora.
Uma sede já me estrangulava a garganta, então procurei algum lugar onde pudesse comprar algo para me hidratar. Mas era 31 de dezembro, o comércio costuma fechar nesse dia.
Bendita seja A Casa do Pão de Queijo, o único estabelecimento funcionando na região. E, por ser o único, uma fila enorme anda vagarosamente em frente.
Quando consegui chegar ao balcão só o que havia para beber era refrigerante diet. Eu não estava podendo escolher, mandei pra dentro. Quando olhei no relógio do terminal, percebi que passei exata meia hora na fila. O ônibus devia estar saindo naquele instante.
Imagine um cara torrado de sol, de bermuda e chinelo, areia grudada em suor pelo corpo, mochila e violão nas costas (detalhe: o violão não saiu da capa todo esse tempo), correndo pelo Terminal Tietê quase vazio, pois a maioria das pessoas estavam na fila dos passa-fome.
Corri à toa. O ônibus atrasou.
Entrei no ônibus, me sentei deliciosamente na poltrona, terminei de saborear meu refrigerante com sabor de remédio vencido e relaxei. Relaxei demais.
Pensei em descer num ponto na Anhanguera perto da Faculdade Anchieta, dali andaria poucos minutos até minha casa. Mas o Cometa parece um bercinho. Dormi gostoso e quando abri os olhos estava exatamente em frente a Faculdade, porém já partindo sentido norte da rodovia. Tínhamos parado no meu ponto, alguém desceu e eu dormindo.
Tudo bem, dizem pra gente sempre ver o copo meio cheio. Sejamos otimistas.
Pensei: na rodoviária passa a linha de ônibus 968, vai me deixar na esquina da minha rua. Melhor ainda.
Na rodoviária percebi que já passava da 23h, com receio que não houvesse mais linha 968 por causa do feriado resolvi peguntar a um motorista da linha que leva ao terminal central. Ele "achava que não". Disse que me levaria ao terminal central, lá eu podeira obter certeza.
Incrível, assim que saímos do ponto o Linha 968 passou por nós.
Eu continuava com meu pensamento positivo, no terminal central eu pegaria o Linha 918, me deixaria a cinco minutos de casa.
Assim que desci da minha carona vi o último ônibus sair e o terminal central fechar os portões na minha cara.
A carona já tinha evaporado e eu estava a uma hora a pé da minha casa.
23h30. Sem acreditar muito na realidade dos fatos, joguei a mochila e o violão nas costas e andei vagarosamente em direção ao lar.
Nessa caminhada começo a ouvir fogos de artifício, meia-noite. Vira o ano e eu sozinho e fudido na rua.
Passo pelas casas e as pessoas gritam: "Feliz Ano Novo!".
Eu respondo com toda a educação e animação possível.
Pra acabar de ferrar um motoqueiro passa velozmente a dois centímetros de mim e grita "feliz ano novo". Respondi mandando o safado pra um lugar bem desagradável.
Só cheguei em casa 00h40. Banho rápido e caí na cama antes que acontecesse mais alguma coisa.
Aquele dia tinha que acabar.