segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Diálogo


Chegando ao Parque da Cidade, ele senta-se na grama. Continuo de pé olhando fixamente na cara dele.

Eu: Por que você me trouxe aqui?
Ele: Você não pode ficar trancado no quarto o resto da sua vida.
Eu: Não é para o resto da vida, é só por que estou em férias.
Ele: E quer passar trinta dias trancado lá? Você é deprimente.
Eu: Obrigado pelo compreensão.
Ele: Senta aí, cara. Vamos conversar, sei lá, não te vejo faz tempo.

Me sento ao lado dele e olho para o reflexo do Sol na represa.

Ele: E aí, o que tem feito?
Eu: O de sempre. Estudo, violão, livros, internet...
Ele: Ainda visita as páginas dela?
Eu: Dela quem?
Ele comprime os lábios e me olha como se dissesse "Cínico!".
Eu: Tá bom, de vez em quando eu dou uma olhada.
Ele: De vez em quando?
Eu: Ok! Todos os dias.
Ele: Pra que, cara? Você sabe que isso só te faz mal. Você mesmo me disse que não ía rolar mais.
Eu: Eu sei. Não tenho pretensão de voltar, mas...sabe...ainda sinto um carinho por ela. Algo como um desejo de que nada de mal aconteça a ela. Proteção, manja? Como se fosse meu dever.
Ele: Mas foi ela deu mancada, meu. Não foi ela quem parou de falar com você?
Eu: Foi, mas...eu não sei...me sinto meio bobo. E quando penso muito nisso, me sinto um idiota.
Ele: Você sabe o que eu penso.
Eu: Claro, você não pára de repetir essa merda.
Ele: Você é quem sabe.
Eu: Sei de porra nenhuma. Só sei que vou voltar.
Ele: Voltar com ela?
Eu: Não, voltar pro meu quarto.
Ele: Puts! Vamos passar no bar antes. A gente enche a cara, depois você volta pro isolamento.

Me levanto e tiro meu cantil do bolso. Está pela metade. Dou um gole e começo a andar. Ele vem atrás de mim.

Ele: Cantil legal, cara.
Eu: Adivinha quem me deu!

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